Nem é necessário dizer que todos almejam alcançar um estado em que tudo lhes seja satisfatório. Todavia, a vida é de tal forma que essa condição não é obtida conforme o desejado. Dependendo da maneira de encarar, isso é até intrigante.
Pensando bem, uma vez que a evolução da cultura é motivada pelo sentimento de insatisfação do ser humano, não se podem interpretar os fatos do mundo de forma tão simplória, pois, quanto mais insatisfação existir, maior será o desenvolvimento e o alcance das reformas e avanços. No entanto, a insatisfação excessiva poderá causar complicações. Por exemplo, pode tornar-se a causa de conflitos e até levar à destruição. No que concerne ao indivíduo, há, às vezes, o perigo de ocorrer problemas como
desarmonia no lar, desavença entre amigos e conhecidos, discussões, casos de polícia, autodestruição etc. Em termos sociais, a insatisfação pode levar à criação de grupos extremistas que praticam atos de
violência, como o arremesso de coquetéis molotov e outros atos. Às vezes, chega-se até mesmo à guerra civil; portanto, não podemos menosprezar a insatisfação.
Por outro lado, há pessoas que são tidas como ingénuas e bondosas, que aparentam não ter muitas insatisfações e estão sempre contentes. Na verdade, são essas pessoas que nada contribuem, porque são incapazes.
Ora, se tanto a satisfação como a insatisfação apresentam aspectos condenáveis, qual delas escolher? A resposta é simples: como os extremos são condenáveis, é preciso lidar habilmente com ambas. Falar é fácil, e fazer é difícil: esta é a realidade da vida. O essencial é ter flexibilidade em meio às diferentes alternativas e alicerçar-se no makoto. Pessoas com tais características são úteis à sociedade, bem- sucedidas e obtêm boa sorte na vida.
Jornal Eiko no 200, 18 de março de 1953
“Alicerce do Paraíso” vol.4, pág.61