Vendo este título, os leitores devem estranhar; mas à medida que o forem lendo, provavelmente concordarão. Primeiramente, não deve haver alguém tão misterioso quanto eu, uma vez que, até agora, na história da humanidade, não há registro de um ser humano semelhante a mim. Neste artigo, pretendo ser o mais objectivo possível, evitando a subjectividade. Portanto, gostaria que o lessem tendo isso em mente.

Descreverei inicialmente o meu trabalho. Naturalmente, uma vez que eu objectivo a salvação da humanidade, não há como me desviar um passo sequer desse caminho. No momento, o trabalho no qual concentro maior empenho é escrever letras no papel, ou seja, caligrafias.

Atendendo ao pedido de numerosos membros, estou me esforçando ao máximo a fim de satisfazê-los nesse sentido. Os fiéis, pendurando essa caligrafia ao pescoço e mantendo-a junto ao peito como um objecto de protecção, levantam a palma da mão em direcção aos doentes a uma distância de alguns centímetros e procedem à irradiação da energia espiritual. Através desta, infalivelmente, o sofrimento causado pela doença é aliviado.

Além disso, enfermos que foram desenganados pelos médicos como portadores de doença grave e estavam à beira da morte são curados por membros que ingressaram [na fé] há poucos meses. Saudáveis, eles retomam a vida em sociedade. Exemplos como este ocorrem diariamente e inúmeras vezes. É natural o espanto daqueles que presenciam os milagres de ressuscitação. Trata-se da possibilidade do prolongamento da vida humana, considerado impossível por todos desde tempos remotos. Provavelmente, isto se tornará uma grande questão mundial.

A gratidão e a profunda emoção daqueles que foram salvos são incomensuráveis. Diariamente forma-se uma pilha de relatos e cartas de agradecimento sobre minha mesa. Cada vez que os leio, não consigo conter as lágrimas de emoção.

Denominei de Johrei esse método de imposição das mãos em que la pessoal traz a caligrafia Ohikari junto ao peito. Seu resultado não se limita à cura de doenças. Os exemplos são incontáveis: afugentar ladrões que estavam prestes a abrir a porta; pessoas que caíram de penhascos, ou que foram atropeladas por trens ou automóveis, salvaram-se sem nenhum arranhão; outras foram poupadas do infortúnio do incêndio, entre outros.

Em especial, há os milagres relacionados à agricultura. As plantações de trigo que estavam prestes a secar, recuperaram-se com a ministração de Johrei. Através desse método, evitam-se pragas e aumenta-se, infalivelmente, a produção. Além de não serem raros os casos de revigoramento de cavalos e bois que estavam condenados à morte por veterinários.

Ademais, os pobres libertam-se do sofrimento da pobreza, os lares sombrios tornam-se alegres. Assim, desde o instante em que se coloca o Ohikari no peito, o destino começa a melhorar.

Estes inúmeros milagres estão publicados na Revista Tchijo Tengoku e no Jornal Hikari. Com uma leitura atenta, é possível ter uma ideia melhor do que se trata. Dentre os feitos de grandes santos e religiosos desde a antiguidade, encontramos milagres em que eles conseguiram a salvação de doentes, individualmente. Ao mesmo tempo, existem exemplos de pessoas que seguiram as religiões [desses santos e religiosos] e receberam a graça de serem curadas. Da mesma forma, houve casos em que os representantes [de Deus] evidenciaram o poder da cura de doenças. Contudo, provavelmente, o excepcional poder que eu manifesto por intermédio dos ministrantes de Johrei possui uma diferença incomparável.

Há ainda milagres do seguinte teor. Ouço sempre de muitas pessoas que, ao observarem as letras escritas por mim, destas irradia-se uma Luz, no exacto formato das letras, que, dispersando-se em inúmeros feixes, movimentam-se dinamicamente no espaço. Há também quem enxergue uma pequena bola de Luz no interior de meu ventre. Muitas pessoas já viram uma Luz saindo da palma da minha mão. Essa bola de Luz foi registrada em uma foto em que eram emitidas ondas luminosas. Em outra, ela se ampliou e ocupou totalmente o cómodo [onde estava].

Todo dia, encontro-me durante uma hora com centenas de membros. De antemão, digo para trazerem qualquer dúvida ou fazerem perguntas difíceis. Desse modo, dentro da hora estabelecida, há dias em que recebo dezenas de perguntas. Entretanto, posso afirmar que praticamente não há nenhuma que eu não consiga responder. Naturalmente, todos os dias são indagações diferentes. Por vezes, há assuntos que não domino. Diante da questão, instantaneamente a resposta surge em minha mente e flui por meio das palavras. Dessa forma, ocorre o fenómeno curioso de eu aprender comigo mesmo.

Os que não são membros dizem, frequentemente, que levo uma vida de luxo. Uma crítica compreensível diante da carência material de hoje em dia. Contudo, eu jamais almejei essa vida. Os numerosos membros que receberam graças, oferecem-me todo tipo de bens materiais como manifestação de sua gratidão. Eu apenas esforço-me para corresponder ao máximo a essa sinceridade. Em se tratando de dinheiro, caso eu precise [de certo valor] para a Obra da Salvação, misteriosamente a quantia necessária chega às minhas mãos de forma natural.

O desenvolvimento da Igreja está ocorrendo dia a dia, mês a mês, conforme os senhores membros podem comprovar. Por esse motivo, nada se sucede de acordo com minha vontade, mas sim conforme a Vontade de Deus: sou utilizado livremente. Em suma, acredito que não passo de uma marionete manipulada por Deus. Portanto, fico a me observar com profundo interesse, pensando no que Deus me fará executar em seguida. É um fato realmente misterioso. Além disso, há diversas obras que estou empreendendo e também os hobbies relacionados a elas. Deve ser rara uma pessoa com tantas habilidades como eu. Vou escrever a esse respeito.

É dispensável dizer que sou um religioso. Contudo, não sou considerado como tal. Então o que sou? Soa um pouco estranho, mas seria bastante adequado se me considerassem um “empreendedor da salvação”. Ouço constantemente que meus discípulos salvam diariamente muitas pessoas e, por manifestarem milagres, são respeitados como deuses vivos. Nessas ocasiões, acho graça e digo: “Se é desse jeito, significa que sou uma espécie de ‘criador de deuses vivos’.”.

Eu pinto quadros, faço caligrafias, componho poemas, escrevo livros, romances, letras para músicas, artigos para revistas e jornais e sou inclusive redactor. Com o objectivo de construir pequenos protótipos do Paraíso Terrestre, ainda elaboro o projecto e supervisiono a construção de edificações e jardins, o cultivo de flores, a decoração de interiores, a agricultura e assim por diante. Quem já viu o jardim sagrado de Gora, em Hakone, e o que está actualmente em construção em Atami, há de concordar.

A seguir, falarei a respeito dos meus interesses e gostos. Aprecio as obras de artistas expoentes desde os meus 14 ou 15 anos, não importando se são antigas ou contemporâneas. Gosto tanto de música japonesa quanto da ocidental. Em casa, sou eu quem mais ouve rádio.

Tenho principal interesse em política, economia, educação, filosofia, literatura, problemas sociais. E como nunca negligencio a pesquisa desses assuntos, pretendo apresentar, com regularidade, esse extenso conhecimento por meio da publicação de livros.

Resumindo, se eu me classificasse em termos profissionais, haveria uma rica diversidade: religioso; pesquisador de política, economia e educação; escritor; crítico de civilização; especialista sui generis em medicina; poeta; pintor; calígrafo; arquitecto; paisagista; agricultor; crítico de arte e música e assim por diante.

A Kannon de Mil Braços (Senju Kannon) tem 40 braços e cada um desempenha 25 actuações. Desse modo, a soma totaliza mil braços que executam todos os meios de salvação. Por esse motivo, costumo pensar: “Parece que Deus me faz actuar como a Kannon de Mil Braços.” Gostaria de escrever mais, porém, como ficaria muito extenso, deixarei o restante por conta da imaginação dos leitores.

Esta é a minha essência vista por mim mesmo.

Colectânea Série Jikan, vol. 12, 30 de Janeiro de 1950

 

Partilhar amor

Procura mais alguma coisa?

Relacionados:

Ensinamento de hoje, Ensinamento do Culto do Natalício de Meishu-Sama
Experiência de fé do dia
Ensinamento | Estudo Diário