A Cultura de Su

Para falar sobre esse tema, começarei por explicar o significado do símbolo su (☉). Como se pode ver, é uma circunferência (○) com um ponto (・) bem no centro. Se fosse apenas isso, não teria nenhuma importância; mas, nada encerra significado tão grande e misterioso.

Tudo no Universo possui forma circular, como a Terra, o Sol e a Lua. E até mesmo os espíritos desencarnados, para se moverem de um lugar para outro, apresentam esse formato. Isso está bem comprovado pelo conhecido fenômeno hitodama(55). Quando as divindades se locomovem, também adquirem esse aspecto; no caso delas, são “bolas de luz”. As dos espíritos humanos desencarnados não possuem luz, sendo apenas algo enevoado, de cor amarela ou branca. Tratando-se de espírito masculino, é amarela, e de espírito feminino, branca, correspondendo, respectivamente, ao Sol e à Lua.

Agora, vamos ao mais importante. Naturalmente, nosso mundo também tem o formato circular; mas não passará de um círculo, se o seu interior estiver vazio. No caso do ser humano, significa que ele não teria alma; assim, colocar um ponto quer dizer colocar-lhe alma, isto é, que ele ganhou vida, sendo capaz de desempenhar atividades. Por conseguinte, o círculo com um ponto no centro simboliza uma forma vazia na qual se pôs alma. Isso equivale à expressão “colocar espírito”, usada pelos pintores desde antigamente. Com base no que acabamos de dizer, podemos afirmar que, até agora, o mundo era vazio, não possuía o ponto no centro, ou seja, a alma. Esta é a razão por que escrevi, em outra oportunidade, sobre a “cultura sem conteúdo”.

Isso pode ser constatado em todos os setores da cultura. Como sempre digo, o tratamento sintomático das doenças, também é uma manifestação disso. As dores e as coceiras são amenizadas por meio de injeções ou de medicamentos aplicados ao local; a febre, baixa-se com gelo; corta-se também a purificação tomando-se medicamentos. Dessa forma, o doente livra-se dos sofrimentos durante algum tempo; mas, uma vez que não se atingiu o cerne da doença, a cura completa é evidentemente impossível e, com o tempo, infalivelmente, a doença retorna. Na verdade, o que ocorreu foi apenas um adiamento. Sendo assim, a causa das enfermidades também está no “ponto no centro”. Todavia, até agora, não se alcançou a compreensão disso.

Outro exemplo é a criminalidade. Atualmente, a única maneira para tentar impedi-la é fazer com que o criminoso aprenda a lição com o sofrimento decorrente da pena que lhe foi imposta. Trata-se, pois, de um processo semelhante ao tratamento baseado nos sintomas empregado pela medicina. Por isso é que, quando alguém comete um crime, geralmente vem a perpetrar outros. Existe quem pratique dezenas deles e até mesmo quem os cometa a vida inteira, passando mais tempo de sua vida preso do que em liberdade. A causa também está na falta do ponto, ou seja, da alma.

Pode-se dizer a mesma coisa sobre a guerra. Aumentando-se o poderio militar, o inimigo sentirá que não tem condições de vencer e desistirá da luta por algum tempo. Todavia, isso não passa de um meio de protelar a guerra; a História tem demonstrado que, um dia, inevitavelmente, ela recomeçará. Assim sendo, podemos entender que a cultura existente até agora era apenas um círculo sem o ponto no centro.

Eu sempre me refiro aos noventa e nove porcento e um porcento. Se for inserido o “ponto” num círculo, isso significa que, por meio de um porcento, modificam-se noventa e nove porcento. Em outras palavras, representa destruir noventa e nove porcento do mal com a força de um porcento do bem. Seria o mesmo que, com a força desse um porcento, tornar branca uma circunferência prestes a ser pintada totalmente de preto. Relacionando isso ao mundo, significa preencher essa civilização vazia com conteúdo, ou melhor, colocar-lhe uma alma. Dessa maneira, daremos vida à civilização, que, até agora, só apresentava forma, como se fosse uma existência morta. Será o nascimento de um novo mundo.

10 de setembro de 1952
Alicerce do Paraíso vol. 1

(55) Hitodama: Fenômeno do surgimento de bolas de fogo, conhecido como fogo-fátuo interpretado popularmente como espírito de pessoas desencarnadas.

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