Força Absoluta

Seria desnecessário dizer que a fonte da acção de tudo que existe no Universo é a Força de Deus. A criação e a transformação de todas as coisas são a manifestação da Força, e a ela se deve o movimento ou a inércia de tudo. A começar pelo ser humano, todos os animais e até mesmo os micróbios nascem e morrem graças à Força. Em suma, ela é absoluta, infinita e soberana. Vou parar aqui, pois o assunto é inesgotável. Resumindo, o Universo em si é a própria Força. Assim, tecerei considerações a respeito sob diversos ângulos.

Analisemos o espírito da palavra tchikara (força): ti é “sangue”, “espírito”; kara é “vazio”, “corpo”, “matéria”. Sendo assim, a força nasce da união do espírito e da matéria. Analisando a palavra hito (pessoa), hi é “espírito” e to é “parar”; por conseguinte, hito é “espírito parado no corpo”. Como já expus, a força é a própria integração entre o espírito e a matéria.

Para se escrever o ideograma tchikara, faz-se um traço vertical ( ∣ ) e, em seguida, um traço horizontal (−), formando uma cruz (十). A partir do fim do traço horizontal, puxa-se um traço um pouco inclinado, com a ponta virada para cima e para dentro (力). Isso quer dizer que tão logo se verifica o cruzamento do vertical e do horizontal, surge a acção da força, que começa a girar em sentido horário. Assim, pode-se perceber que tanto o espírito das palavras quanto as letras foram criados por Deus.

Vamos, agora, explicar isso com base na realidade. Em sentido amplo, essa dualidade está representada pelas duas grandes correntes de pensamento do mundo: a espiritualista e a materialista, isto é, o espiritualismo ou a cultura do espírito, e o materialismo ou a cultura da matéria.

Vejamos isso pelo aspecto religioso, pois assim fica mais fácil compreender. O budismo e o cristianismo, as duas grandes religiões do mundo, são a manifestação dessa dualidade. Como tenho dito sempre, o budismo é oriental e constitui o aspecto vertical, espiritual, enquanto o cristianismo é ocidental e representa o aspecto horizontal, material. Até agora, o vertical e o horizontal estavam separados e, por essa razão, a verdadeira força não conseguia manifestar-se. A maior prova disso é que a harmonia, em âmbito mundial, não se consolidou, e a humanidade ainda não foi salva.

A este respeito, primeiramente, analisemos a História.

Após a era primitiva, surge uma forma de vida humana mais organizada e, então, inicia-se a fase de adorações, como o culto ao Sol, à natureza e aos objectos criados pelo homem. Enfim, passa-se a adorar até o ser humano e, a partir dessa época, as religiões primitivas começam a surgir em diversas regiões.

Por fim, com o florescimento da cultura, nasceram religiões como o budismo e o islamismo que, por serem de carácter exclusivamente vertical, e o cristianismo, puramente horizontal, não puderam manifestar a verdadeira força. Como resultado disso, embora não tenham chegado a fracassar, as religiões que penderam para o aspecto vertical não se desenvolveram a contento. No Japão, o budismo existe apenas na forma, e o islamismo tem sua tradição preservada em uma parte da Ásia. Já o cristianismo, devido à sua característica horizontal, está difundido em grande parte do mundo. Uma vez que seu objectivo, o Reino dos Céus, não se concretizou, e a situação infernal da actualidade permanece, pode-se dizer que também não foi bem-sucedido.

O objectivo das principais religiões era, sem dúvida, a concretização de um mundo ideal. Todavia, como todos podem ver, o mundo se apresenta caótico, cheio de conflitos e problemas sem-fim, havendo uma grande distância entre o sonho e a realidade. Assim, temos que admitir que aquele objectivo está demasiadamente longe de ser alcançado. É inegável que a causa dessa situação seja a falta de força, que, por sua vez, se deve à ausência de cruzamento do vertical e do horizontal. Isso também era uma questão de tempo e, do ponto de vista do Plano Divino, não havia alternativa.

Explicando minha missão, creio que entenderão melhor o que acabei de expor. A actividade que agora estou a realizar, centraliza-se no Johrei. Os fiéis sabem muito bem que basta colocar no peito o Ohikari , que contém um papel com uma caligrafia feita por mim, para ser-lhes concedida uma força capaz de curar até mesmo doentes desenganados. Já outorguei centenas de milhares de Ohikari, e mesmo que esse número aumente infinitamente, não haverá nenhuma alteração com respeito à sua força. Essa força não se limita à cura de doenças, ela também se manifesta através de incontáveis milagres do dia a dia: a reforma do espírito, a elevação do carácter, a salvação de perigos iminentes etc. Por meio deles, é espantoso ver o aumento do número de pessoas que passam a viver uma vida cheia de alegria. A força desses milagres se origina justamente do Ohikari.

Não tenho a pretensão de vangloriar-me de tais milagres. Contudo, uma vez que se trata da pura verdade, creio que não há problema em divulgá-los. É evidente que, até agora, a História não registou o aparecimento de uma pessoa que se utilizasse de força tão incomensurável quanto esta. Os inúmeros milagres a que nos referimos são registados como experiências de fé; logo, não há do que duvidar. Esta é a força gerada pelo cruzamento do horizontal com o vertical que, em termos budistas, é o Poder Kannon ou o Poder da Inteligência Sagrada e, em termos cristãos, é o Poder do Messias.

Actualmente, a Força está a manifestar-se, principalmente, na parte espiritual; porém, no devido tempo, ela passará a actuar na parte material. Nessa ocasião, evidentemente, será alcançado o objectivo de Deus, nascendo a verdadeira cultura, resultante do cruzamento da cultura espiritual do Oriente com a cultura material do Ocidente. E esta é a Vontade Divina. Será, portanto, efectuada a maior obra de salvação da humanidade desde a criação do mundo.

16 de Janeiro de 1952

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