O Princípio da Agricultura Natural

Para que todos entendam realmente o princípio da Agricultura Natural, visto que é impossível fazê-lo por meio do pensamento que norteia a ciência actual, proponho-me explicá-lo pela ciência espiritualista, da qual tomei conhecimento por meio da Revelação Divina. No início, talvez seja muito difícil compreender esse princípio. Todavia, à medida que o lerem várias vezes e o saborearem bem, certamente hão de entender. Caso isso não ocorra, é porque o leitor ainda está preso às superstições da ciência e é bom que ele perceba isso.

Os próprios fatos comprovam que o que eu exponho é a Verdade absoluta. Respeitando este princípio, é certo que, desde o primeiro ano, haverá um aumento de 10 a 50% na produção. Por outro lado, o método agrícola utilizado actualmente consiste na fusão do método tradicional com o científico. Julga-se que houve um grande progresso; porém, os resultados mostram exactamente o contrário, conforme podemos constatar pela grande quebra da produção no ano passado. A causa directa foi que as plantas do arroz não tinham força suficiente para superar as inúmeras adversidades climáticas que ocorreram. Todavia, qual a causa do enfraquecimento das plantas do arroz? Se eu disser que o fenómeno foi causado pelo tóxico chamado adubo, todos se surpreenderão, visto que os agricultores, até agora, vieram acreditando cegamente que o adubo é imprescindível para o cultivo agrícola. Em razão do pouco conhecimento dos agricultores e dos pontos cegos da ciência, não foi possível descobrir os malefícios dos adubos.

É inegável o valor da ciência em relação a muitos aspectos. Entretanto, pelo menos no que se refere à agricultura, esta não somente é impotente, como também está completamente equivocada. Por exemplo, desconhecendo a verdadeira natureza do solo e o funcionamento dos adubos, considera apenas o método criado pelo ser humano, ignorando a força da Natureza. Prova disso é que, apesar de muitos anos de esforços em conjunto do governo japonês, dos agricultores e dos cientistas, não se vê nenhum progresso ou melhoria. Diante de uma fraca colheita como a do ano passado, podemos dizer que a ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza sem oferecer qualquer resistência, não havendo mais nenhum método a ser empregado. A agricultura japonesa está realmente em um beco sem saída. Não obstante, devemos alegrar-nos, pois Deus ensinou-me o meio de sair dele – a Agricultura Natural. Afirmo que não existe outra maneira de salvar o Japão.

A seguir, vou explicar no que consiste este método agrícola.

A origem do problema é a falta de compreensão sobre a verdadeira natureza do solo. Até agora, a agricultura tem negligenciado o solo, que é o principal, dando maior importância ao adubo, que é secundário. Pensem bem. Sem a terra, o que podem as plantas fazer, sejam elas quais forem? Um bom exemplo é o do soldado americano que, no pós-guerra, praticou a hidroponia no Japão, despertando grande interesse. Creio que ainda devem estar lembrados disso. No início, os resultados foram excelentes, mas ultimamente, pelo que tenho ouvido falar, ele acabou abandonando o método.

De maneira semelhante, os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos eram o alimento das plantas. Com essa atitude, cometeram um terrível engano. O resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo sua força original. Isso está muito bem comprovado pela grande diminuição da safra no ano passado. Não percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente elevadas somas em adubos, despendendo árduo esforço. É uma grande tolice, pois estão produzindo a própria causa dos danos.

Empregarei o bisturi da ciência espiritualista para explicar a essência do solo. Antes, porém, é preciso conhecer seu significado original.

Deus, Criador do Universo, assim que fez o ser humano, criou o solo, a fim de que este produzisse alimento suficiente para nutri-lo. Basta semear a terra que a semente germinará, e o caule, as folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas no Outono. Assim, o solo que produz o arroz é um excelente especialista, ao qual deveríamos dar preferência. Obviamente, já que se trata da força da Natureza, a pesquisa sobre essa força deveria ser o foco da ciência. Entretanto, esta se enganou: dependeu mais do poder humano do que da força da Natureza.

O que é a força da Natureza? Trata-se da fusão dos elementos fogo, água e terra, originados, respectivamente, do Sol, Lua e Terra, resultando na incógnita X. O centro da Terra, como todos sabem, é uma massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor atravessa a crosta terrestre e preenche o espaço até a estratosfera. Nessa essência, existem duas partes: a espiritual e a material. A parte material é conhecida pela ciência como nitrogénio, mas a parte espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanada do Sol é o elemento fogo, que também possui uma parte espiritual e uma parte material; esta última é a luz e o calor, mas a outra também ainda não foi detectada pela ciência. A essência emanada da Lua é o elemento água, e sua parte material é constituída por todas as formas em que a água se apresenta; a parte espiritual, da mesma forma, ainda é desconhecida. O produto da união desses três elementos espirituais ainda não detectados constitui a incógnita X, por meio da qual todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem. Essa incógnita é semelhante ao Nada, mas é a origem da força vital de todas as coisas.

Consequentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a essa força. Por esse motivo, podemos dizer que ele é o adubo infinito. Assim, reconhecendo-se essa verdade, amando e respeitando o solo, a capacidade deste se fortalece espantosamente. Este é o método agrícola verdadeiro e não existe outro. Portanto, praticando este método, o problema da agricultura será solucionado pela raiz.

Há mais um factor importante. O ser humano, até agora, pensava que a vontade-pensamento[1], assim como a razão e a emoção, limitavam-se aos animais. No entanto, talvez se o leitor souber que eles também existem nos corpos inorgânicos, ficará boquiaberto. Obviamente, como o solo e as plantas também estão nessa mesma condição, respeitando-se e amando-se o solo, sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tanto, o mais importante é não o sujar e torná-lo ainda mais puro. Com isso, o solo manifestará seu sentimento de alegria, e nem preciso dizer o quanto se tornará mais activo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos animais, é mais livre e móvel, ao passo que o solo e as plantas não têm liberdade de movimento. Assim, mesmo no caso do arroz, se pedirmos com sentimento de gratidão uma farta colheita, nosso sentimento se transmitirá às plantas e, certamente, seremos agraciados. Por desconhecimento desse princípio, a ciência comete uma grande falha ao considerar que aquilo que é invisível e impalpável não existe.

Jornal Eiko nº 245, 27 de Janeiro de 1954

Colectânea “Alicerce do Paraíso” Vol. 5

[1] Vontade-pensamento: em japonês, Ishi Sonen. Termo utilizado por Meishu-Sama para expressar a intencionalidade do Sonen. Para verificar a definição do termo Sonen. Ademais, supõe-se que este tema se relaciona ao aspecto animista da religiosidade nativa japonesa.

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