Ordem

Desde os tempos antigos, dizem: “Deus é ordem.” Concordo plenamente. Em qualquer situação, se algo não transcorre tranquilamente, é porque a ordem não está sendo respeitada, principalmente no que diz respeito às relações humanas. Há uma máxima em chinês que afirma: “Mesmo entre um casal, deve haver distinção entre as partes, entre o mais velho e o mais jovem, deve haver ordem[1].” Realmente, são palavras sábias.

É surpreendente a quebra de ordem que vem ocorrendo ultimamente na sociedade. A ordem e a civilidade estão intimamente relacionadas, e isso exige especial atenção. Conforme podemos comprovar quando observamos a Grande Natureza, tudo segue uma ordem: a sequência da primavera, do verão, do outono e do inverno; a alternância dos dias com as noites; o crescimento da vegetação etc. Jamais ocorre de as flores da cerejeira desabrocharem antes das flores da ameixeira.

Podemos citar vários exemplos.

De nada adianta ir orar a uma divindade depois de tratar de outro assunto qualquer, pois, nesse caso, o “outro assunto” se tornou prioritário, e a divindade ficou relegada a segundo plano. O mesmo se passa quando alguém vai receber Johrei em situação de doença. Primeiramente, devemos dirigir-nos à Igreja para recebê-lo e, depois, resolver outras questões

Assim procedendo, nem é preciso dizer que a eficácia do Johrei será mais notável.

Tenho observado frequentemente pessoas que constroem casas, reservam para seus filhos os aposentos do andar superior e ficam com o cómodo do térreo. Por estarem ocupando uma posição superior, os filhos passam a não mais dar ouvidos aos pais. O mesmo se dá no caso de patrão e empregado. Por essa razão, é preciso prestar muita atenção a esse aspecto.

Pode parecer irrelevante, mas o mesmo cuidado se deve ter para com a ordem dos assentos em uma sala. O chefe da família deve ocupar a parte principal; em seguida, a esposa e, depois, o primogénito, a primeira filha, o segundo filho etc. Procedendo-se assim, o ambiente se torna plenamente harmonioso. Do contrário, é muito natural que possam ocorrer contendas e situações desagradáveis. Já participei de muitas reuniões cujo clima pesado podia ser logo percebido por quem chegasse. Notei que isso geralmente se passava quando a disposição dos assentos não estava de acordo com a ordem.

De modo geral, para se definir os lugares, devem ser considerados de ordem inferior aqueles que ficam próximos à entrada do recinto, e de honra, os que estão mais afastados. Sabemos que a parte principal é a que se localiza em frente do tokonoma. Portanto, é preciso levar em conta o tokonoma e a entrada e definir os lugares com base no bom senso.

Em relação ao lado direito ou ao lado esquerdo, vemos que este é de ordem superior, pois representa a parte espiritual; o lado direito se subordina a ele, pois equivale à parte material. Note-se que o braço direito é o mais utilizado, por corresponder à matéria.

Colectânea “Série Jikan”, vol. 5, 30 de agosto de 1949

Alicerce do Paraíso Vol. 4

[1] Preceito preconizado por Mêncio (filósofo e sábio chinês, 370 a.C. – 289 a.C) com base nas Cinco Virtudes Cardeais do confucionismo. Segundo tal preceito, para que uma sociedade pudesse prosperar e funcionar de maneira harmoniosa e ordenada, eram necessárias a justiça e a retidão entre soberanos e servos; a amizade entre pais e filhos; a distinção entre marido e esposa; a ordem entre velhos e jovens, e a confiança entre amigos.

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