Sabor da Fé

Desejo falar a respeito do sabor da fé. Não existe, neste mundo, nada que seja destituído de sabor. Tudo possui o seu sabor, seu encanto: as coisas, o ser humano e a vida quotidiana.

Se o excluirmos da vida, esta se tornará insípida e o ser humano, certamente, perderá a vontade de viver. Por conseguinte, creio que não é exagero dizer que o seu apego à vida decorre do deleite proporcionado pelo sabor. Evidentemente, também na fé existem aquelas com e sem sabor. Pode parecer estranho, mas no mundo, há exemplos de fé que suscitam medo. Os seus adeptos temem as divindades e vivem sob fortes restrições, aprisionados pelos mandamentos e sem nenhuma liberdade. Denomino de fé infernal esse tipo de fé.

Originariamente, o ideal da fé é um contínuo estado de tranquilidade em que o ser humano vive com alegria e prazer. Então, ele percebe que a beleza da Natureza expressa nas flores, nas aves, na brisa, na lua, no canto dos pássaros, nas águas e nas montanhas são dádivas de Deus para confortá-lo. Agradece profundamente por ser abençoado com alimentos, vestuário e moradia. Sente proximidade não apenas dos humanos, mas de todos os seres vivos da fauna e da flora. É preciso chegar a um estado de espírito em que, após o máximo esforço em qualquer situação, a pessoa se entrega a Deus. Isso significa “estar em estado de graça (33)”.

Sempre que me deparo com uma questão difícil de ser resolvida, procuro entregá-la aos cuidados de Deus e aguardo. Numerosas experiências minhas demonstraram que essa atitude leva a resultados melhores do que os esperados. Posso afirmar que nenhuma vez ocorreu de os resultados terem sido da forma como eu temia. Costumo alimentar esperanças e acho interessante o fato de os resultados superarem as expectativas. Quando surge algo desagradável, momentaneamente me preocupo, mas logo penso que se trata da premissa para bons acontecimentos. Entrego o problema a Deus e percebo que a situação ruim, infalivelmente, traz coisas boas. Já que, por vezes, são preocupações infundadas, não me contenho de tanta gratidão. Em suma, sou uma pessoa agraciada de milagres. Eis o que denomino de maravilhoso sabor da fé.

Colectânea de Assuntos sobre Fé, 5 de setembro de 1948

Alicerce do Paraíso vol.4 pág. 69

(33) No original, a expressão é houetsu no kyoti, que significa “felicidade que brota no coração pela fé”, segundo ensinamentos budistas. Também significa “uma alegria que encanta” ou “estado de êxtase”. Na tradição cristã, uma pessoa que está em estado de graça vive na amizade e amor de Deus. O vocábulo “graça” provém do latim gratia, que deriva de gratus (grato, agradecido). Também significa “gratificar”, que, desde o século XV, equivalia a agradecer.
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