Virgílio Elias Tamele – JC Matola 700 – Moçambique

Chamo-me Virgílio Elias Tamele, sou membro da Igreja desde Agosto de 2006 e dedico como Responsável do Sanguetsu na área da Matola.

Eu tive o primeiro contacto com a Igreja através da Ministra Maria Mabjaia Uamba, que foi à minha casa fazer orações e distribuir flores. Em jeito de me encaminhar, convidou-me a participar da sua outorga.

Eu sofria com conflitos sociais e profissionais, doenças e sem saber, alimentava-me de produtos com toxinas. A família não conseguia se unir, motivo pelo qual não havia paz. Eu tinha pesadelos frequentes, mas, por algum motivo, eu achava isso normal. Com o cumprimento das práticas básicas da fé, vi-me livre de conflitos, passei a consumir e a promover a alimentação natural à amigos e vizinhos, passei também a dormir profundamente e com o tempo, a família tornou-se mais unida, em paz e a prosperar, graças a Deus e a Meishu-Sama.

Seguindo as orientações da Ministra Mabjaia, comecei a me esforçar para receber Johrei todos os dias, logo após o serviço. A Igreja e o Johrei tornaram-se o meu refúgio e onde eu encontrava paz e como gratidão, posteriormente, tornei-me Membro da igreja.

A experiência de fé que gostaria de compartilhar está relacionada com a materialização da orientação de fazer a marcha das hortas caseiras. 

Em 2015, tomei a decisão de colocar em prática a orientação da marcha da horta caseira fora de casa, com o objetivo de alimentar os colaboradores de segurança e limpeza que trabalham no Condomínio.

Comecei por pedir que eles participassem do curso de agricultura natural, ministrado na Sede Central e dois deles tiveram a permissão de participar. No final do curso, facultei-lhes o folheto e manual explicativo da prática da agricultura natural e para a minha surpresa, quando visitei o local onde se planificava fazer a horta, notei que eles já tinham os canteiros e composteiras preparadas. Explicaram-me que tinham compreendido a essência e que estavam dispostos a colocar o aprendizado em prática.

Dei algumas orientações e ajudei a adquirir as mudas, algumas das quais vieram da nossa Sede Central. No primeiro ano, plantamos oito canteiros e eles sentiram-se felizes e motivados.  Conseguiram sentir a diferença do sabor dos produtos naturais e isso os convenceu a não usar adubos. No ano seguinte, houve muitos produtos excedentes, motivo pelo qual idealizou-se a criação de uma feira de venda dos produtos.

No ano seguinte, além de se fazer a horta no escritório do Condomínio, estendemos os canteiros para as casas abandonadas, cujo trabalho de preparação foi árduo, pois era necessário que se fizesse muita limpeza e que houvesse água mais próximo. Ainda assim, a horta caseira foi implantada na primeira casa e para a surpresa de todos, algo milagroso aconteceu. Os donos da primeira casa em que se colocou a horta, que andavam em conflito, comunicaram-nos que voltariam a ocupar a casa, pois os problemas já tinham sido resolvidos.

Daí que transferimos a horta para a segunda casa abandonada e o fenómeno se repetiu: a segunda casa foi ocupada e foi assim acontecendo até que não sobrou mais nenhuma casa abandonada no condomínio. Todas as casas abandonadas foram ocupadas, os conflitos legais e sociais que os donos tinham foram resolvidos, as casas foram reabilitadas e as dívidas para com o condomínio pagas.

Porém, recebi muitas reclamações dos colaboradores que diziam que os moradores acabavam se alimentando da mandioca, batata-doce e papaeiras que tinham sido por eles plantadas. Refleti e busquei fazê-los entender que isso acontecia porque através da limpeza e da agricultura natural, os conflitos e impasses dessas famílias eram resolvidos. Não foi fácil explicar a eles que não se tratava apenas da prática de plantio, mas também de um exercício de salvação.

Através desta prática, pude vivenciar muitas transformações e experiências tais como:

  • Depoimentos de colaboradores que me diziam que tinham levado o modelo para as suas próprias casas e que já não passavam mais fome;
  • Colaboradores que dantes se apressavam para saírem cedo aos Sábados, acabavam ficando até mais tarde e se faziam presentes aos Domingos para cuidar das hortas e colher produtos frescos para o seu alimento;
  • Houve muita troca de experiência sobre culturas e passou-se muito aprendizado sobre o consumo de produtos que dantes não eram por eles conhecidos, tais como o chá verde, a batata-doce de polpa alaranjada, papaia vermelha, entre outros;
  • Mais moradores interagiam com os colaboradores, solicitando produtos frescos como a cenoura, a couve e a alface, isto é, alguns moradores já não iam aos mercados. Os colaboradores tinham um pequeno-almoço e almoço garantidos e passaram a cultivar o que mais consumiam.

No ano de 2019, decidi fazer a horta na última casa abandonada, uma casa alegadamente assombrada. Quando iniciamos a limpeza, os vizinhos ficaram muito felizes porque diziam que muitos insetos e até cobras abundavam naquela casa, que era de facto uma ruína e tinha paredes muito sujas, com escritas de todo tipo. Na casa escondiam-se alguns jovens para consumirem bebidas alcoólicas. Pedi então a autorização à pessoa responsável por esta casa, visto que ela pertencia à uma instituição do Estado e foi-me concedida a autorização e agradeceu pela iniciativa. Foram instalados 35 canteiros, onde plantamos folha de abóbora, couve estaca, couve tronchuda, couve-folha, beterraba, alface, batata-doce, repolho, papaeiras e flores.

Entretanto, eu me perguntava se com esta horta, esta casa seria ocupada como tinha acontecido nos quatro casos anteriores, mas para a minha surpresa, duas semanas depois do início da colheita, a senhora responsável pela casa ligou-me a avisar que o orçamento para a reabilitação da casa tinha sido aprovado e que as obras iniciariam dentro de duas semanas, o que de facto, veio a se concretizar. Fiquei muito feliz em receber esta notícia. De notar que a casa estava abandonada e em estado lastimável há 15 anos. Havia até o receio de que o teto desabasse. Neste momento, as obras de reabilitação da casa estão em curso e mesmo aos Domingos, o empreiteiro se faz presente com a sua equipa.

Vivenciei muitas experiências com esta horta, as quais passo a citar:

Fui solicitado a criar uma horta visível fora das casas, com a participação de moradores que sempre viram este projecto com algumas reservas. Hoje, eles estão motivados e já ofereceram seus espaços para a horta;

Muitos vizinhos vieram apreciar a horta e se inspiraram em fazer o mesmo nas suas casas. Fui solicitado a criar um jardim no parque central do Condomínio com plantas nativas.

Uma moradora informou-me que está a criar mudas para um projecto de plantio de árvores de frutas nativas a serem colocadas nos espaços comuns do condomínio;

Os problemas de abastecimento de água foram resolvidos, tendo sido montados furos de água em vários cantos. Já iniciamos a preparação de composteiras para a horta comunitária para o ano de 2020;

Com esta experiência de fé, aprendi que realmente a prática da horta caseira traz a diferença na vida das pessoas. Assim, pude comprovar que a agricultura natural pode resolver conflitos e impasses. Pude também comprovar que muitos conflitos estão assentados na terra e que precisamos de fazer a marcha da horta caseira para libertar a terra.

O meu compromisso é de procurar me empenhar mais nesta coluna de salvação e passar os ensinamentos para mais pessoas para que eles tenham as suas hortas instaladas e possam viver uma vida mais saudável. Comprometo-me em divulgar os ensinamentos de Meishu-Sama através da prática da agricultura natural.

Agradeço aos Ministros, Missionários e fiéis em geral por todas as orientações, ensinamentos e aprendizados que me têm transmitido. Agradeço, especialmente, aos Missionários Delson e Esmeralda que me apoiaram nesta iniciativa. A todos, o meu profundo e sincero agradecimento.

Muito obrigado!

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