No Japão, desde eras remotas, ouve-se falar das “três calamidades maiores” causadas pelo vento, água e fogo, e das “três calamidades menores”, que são a fome, a doença e a guerra. Vou explicar o significado fundamental dessas calamidades.[1]
As tempestades e as inundações são ações purificadoras do espaço entre o céu e a Terra. E por que elas ocorrem? Porque, no Mundo Espiritual, se acumulam nuvens espirituais, ou seja, impurezas invisíveis. Dissipá-las pela força do vento e lavá-las com a água da chuva é a finalidade da tempestade. Sendo assim, o que são essas nuvens espirituais e de que forma se acumulam?
As nuvens espirituais se formam a partir do sonen (93) e do espírito das palavras (94) do ser humano. Em outros termos, o sonen que pertence ao mal, como insatisfação, ódio, insulto, inveja, ira, mentira, desejo de vingança, apego etc., nublam o Mundo Espiritual.
Vejamos, agora, as palavras. As queixas em relação à Natureza, como por exemplo, o mau tempo, o clima e a safra ruim; críticas e ataques verbais às pessoas; gritos e vaias; fofocas e intrigas; repreensões, lamúria e outras expressões desse tipo têm origem no mal e nublam o Mundo do Espírito das Palavras, que se posiciona logo após o Mundo do Sonen. Quando a quantidade acumulada desses diversos tipos de nuvens espirituais ultrapassa certo limite, surge um tipo de toxina que causa distúrbio à vida humana. Por esse motivo, ocorre a purificação natural. Esta é a lei do Céu e da Terra.
Como já disse, as nuvens do Mundo Espiritual, ao mesmo tempo em que influenciam a saúde humana, afetam a vegetação e, em especial, os produtos agrícolas, tornando-se a causa da má colheita e do alarmante aparecimento de pragas na lavoura. É esse o motivo pelo qual, atualmente, estão surgindo insetos nocivos que secam pinheiros e cedros em todas as regiões do Japão. Portanto, sem que haja uma significativa elevação espiritual do ser humano, será difícil evitar essas ocorrências. Em outras palavras: os erros cometidos pelos próprios japoneses é que estão provocando a morte dos pinheiros e dos cedros do país, de modo que eles precisam tomar cuidado com seu sonen e o espírito das palavras.
Todos sabem que da mesma forma das catástrofes provocadas por elementos da Natureza, as calamidades causadas por influência do ser humano também são terríveis. Principalmente a guerra, que é a que traz maiores danos aos homens. Vou apresentar uma tese inusitada sobre as causas da guerra. Por ela ser surpreendente, gostaria que os leitores a lessem com toda a atenção.
A guerra é, evidentemente, uma luta colectiva e, até hoje, a humanidade tem demonstrado mais propensão ao conflito do que à paz. Observando atentamente, veremos que os conflitos ocorrem em âmbito nacional e internacional, em todos os campos da atividade humana. Nas repartições públicas, nas firmas, nas associações, enfim, em qualquer agrupamento de indivíduos, sempre há lutas ininterruptas nos bastidores, e as pessoas vivem se criticando e se discriminando.
Observamos, ainda, disputas de concorrentes comerciais, conflitos entre casais, irmãos, pais e filhos, amigos etc. Realmente, o ser humano gosta muito de desavenças. Notamos com frequência que ocorrem atritos até mesmo no interior de trens e ônibus, na rua, entre os transeuntes etc. Observa-se assim o quanto o conflito está presente na vida humana.
Vou explicar o motivo da natureza belicosa do ser humano.
As pessoas possuem toxinas de diferentes tipos, sejam elas congênitas ou adquiridas. É comum dizer que essas toxinas se concentram nos locais em que os nervos são mais ativos. De acordo com minha tese, esses locais estão acima do pescoço.
Enquanto se está acordado, mesmo que os braços e as pernas não estejam sendo utilizados, o cérebro, os olhos, o nariz, a boca e os ouvidos estão em constante atividade. É natural, portanto, que as toxinas se reúnam nas proximidades desses órgãos. Esta é também a causa do enrijecimento da região do pescoço e dos ombros de que muitos se queixam.(…)
13 de Agosto de 1949
Alicerce do Paraíso vol. 2
[1] Três calamidades maiores e três calamidades menores: duas expressões que têm origem no budismo.