9 de Novembro, 2024

A Vontade de Alegrar as Pessoas

Meishu-Sama aguardava sempre ansiosamente a visita do mestre de cerimónias do chá, da escola Kankyu-An, de quem eu era aluna. Preparava pessoalmente os utensílios a utilizar durante a cerimónia, bem como as flores. O seu perfil encaixava perfeitamente no de um praticante desta arte, embora Ele não o fosse. Mas, no preciso momento de saborear o chá, Ele estava sempre lá.

Assim que o mestre chegava para me ministrar a aula, Meishu- Sama mostrava-lhe os objetos de arte recém-adquiridos. Pedia explicações sobre quadros antigos de caligrafias e perguntava como se liam os ideogramas. Descontraidamente, meu professor fornecia informações, elogiava as peças e, algumas vezes, fazia restrições a certas obras. Ensinava-Lhe, portanto, sem nenhum rodeio.

Meishu-Sama ficava feliz quando os conhecedores do assunto apreciavam as obras por Ele recolhidas. Sentia-se motivado quando pessoas, como o mestre do Kankyu-An ou o mestre de nagauta (espécie de poema longo cantado, bastante popular na Era Edo; canta-se acompanhado por um shamisen, instrumento de cordas), Kozaburo Yoshizumi, se deleitavam com as peças da sua coleção.

Não as exibia logo, gostava de criar um clima antes de as apresentar. No início, como desconhecia esta estratégia, antecipava-me e mostrava-as aos convidados. Visivelmente zangado, Ele dizia: “Há uma ordem a seguir. Não podes agir por conta própria!”. Era como se existisse um guião pré-estabelecido: em primeiro lugar, despertava a curiosidade do “espectador”; seguida, explicava sobre o “espectáculo” e, no momento próprio, apresentava a “peça”.

Meishu-Sama foi também sempre rigoroso ao ensinar-nos o correto manuseamento das obras. Éramos repreendidos, por exemplo, quando não tínhamos o devido cuidado com as peças de maki-e (artesanato em lacado).

Nidai Sama

Reminiscências Sobre Meishu-Sama vol. 1

 

Partilhar amor

Procura mais alguma coisa?

Relacionados:

Reminiscência de Hoje
Reminiscência do dia
Ensinamento | Estudo Diário