O Século XXI – 3ª Parte

Do carro, que seguia lentamente, eu via as lojas da cidade, enfileiradas. A arquitetura bem planejada, cheia de beleza e elegância, proporcionava uma sensação muito agradável. Não se viam cores berrantes, nem construções sem graça, semelhantes a caixas de fósforo. Todas tinham janelas amplas e iluminação suave, que permitiam que a estética das pinturas e esculturas se destacasse ao máximo. As lojas, um pouco maiores, pareciam museus de arte.

Enquanto eu fazia uma coisa e outra, parece que ia anoitecendo, mas não se sentia que já era noite. Aliás, não era para menos, pois nas ruas, em determinados espaços, existiam alto postes de iluminação a arco voltaico. Os raios de luz eram diferentes dos que são emitidos pelas lâmpadas: muito mais claros, um brilho surpreendente. A sensação é que se recebia a luz do Sol em plena tarde, e nenhuma das cores sofria modificação.

Caros leitores, gostaria que imaginassem a cidade que acabei de descrever. As mais diversas flores, em plena floração, exalavam um perfume agradável por toda a parte, e árvores carregadas dos mais variados tipos de frutas. O silêncio era tão grande que não parecia estar em uma metrópole. Que passeio agradável!

Olhando as vitrines das lojas, eu tinha a impressão de estar vendo uma exposição de belas-artes. Naquela cidade, até as grandes lojas conseguiam suprir suas necessidades com apenas um ou dois funcionários, visto que as mercadorias tinham os preços expostos, e qualquer pessoa podia pegá-las e examiná-las. Se os fregueses ficavam satisfeitos com o preço e a explicação do folheto, depositavam o dinheiro e a etiqueta na caixa coletora, colocada à entrada da loja.

O embrulho era feito automaticamente por uma máquina e, de acordo com o tamanho do objeto, era amarrado com uma fita, tornando-se fácil de carregar. Dessa forma, era realmente muito fácil fazer compras. Como sentisse fome, entrei num restaurante. Não se avistava nenhum atendente. De um lado da entrada, estavam enfileirados pratos apetitosos, todos com uma identificação: A, B, C… Sentei-me a um lugar desocupado e, olhando para a mesa, vi que era numerada. Depois, apertei um dos botões instalados no canto. Naturalmente, pressionando o botão correspondente ao número da mesa e à identificação do prato, este aparecia rapidamente.

Extraído de “O século XXI, artigo náo publicado, escrito em 1948

Luz do Oriente Pág. 47

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