Existem muitas pessoas que seguem uma religião ou crença, mas é raro o homem de verdadeira fé. Vou descrevê-lo. O fato de alguém se achar um religioso exemplar nada significa, pois isso é uma constatação subjectiva. Só poderá ser considerado como tal aquele que assim for reconhecido objetivamente. Como devemos agir para nos tornarmos autênticas pessoas de fé? Teoricamente é simples: ser alguém que mereça a confiança do próximo. Por exemplo, que as pessoas possam comentar a seu respeito: “Não há erro no que ela diz”; “Aquela é uma pessoa magnífica!”; “Posso me relacionar com ela sem nenhum receio”. E como devemos proceder para obter tal confiança? Isso não é difícil. O essencial é não mentir e favorecer primeiramente o próximo, deixando os próprios interesses em segundo plano. Ou seja, se a pessoa for alvo de comentários como: “Ela me ajudou muito!”; “Sua amizade só me traz coisas boas”; “É uma pessoa realmente gentil…”; “Sinto-me bem sempre que me encontro com ela”, certamente, terá o respeito e a estima de todos. Se encontrássemos alguém assim, desejaríamos cultivar sua amizade, conversar tranquilamente sobre qualquer assunto e, em pouco tempo, nos tornaríamos amigos próximos. Se vocês pensarem a respeito de si próprios, compreenderão, de imediato, o que quero dizer.
Gostaria de ressaltar, entretanto, que essa conduta não pode ter caráter passageiro. Exemplifiquemos com o arroz: quanto mais o mastigamos, mais saboroso ele se torna. Costumo dizer que o ser humano deve ser como o arroz, que nos é imprescindível. Quando observamos o mundo, notamos que existem, em demasia, pessoas que, sem nenhum receio, agem de forma que as faz perder a confiança do próximo. Em primeiro lugar, mentem de tal maneira, que podem ser desmascaradas a qualquer momento. Mesmo que possuam outras qualidades, uma única mentira põe a confiança a perder, de uma só vez. Realmente, é o cúmulo da estupidez. Se averiguarmos por que certas pessoas não melhoram de situação, apesar de serem esforçadas e assíduas no trabalho, veremos que, sem exceção, elas perdem a confiança devido às suas mentiras. A confiança é realmente um tesouro. Quem a merece, jamais passará por dificuldades financeiras, pois todos terão prazer em lhe fazer empréstimos. Até aqui vinha me referindo à confiança entre os seres humanos. Indo além, digo-lhes que obter a confiança de Deus é o que há de mais precioso. Se a conseguirmos, tudo correrá bem e teremos uma vida repleta de alegrias.
Jornal Hikari no 13, 18 de junho de 1949
“Alicerce do Paraíso” Vol.4