Os fiéis da nossa Igreja estão bem cientes de que o objetivo de Deus é a construção do mundo ideal, de perfeita Verdade, Bem e Belo. Sendo assim, o objetivo de Satanás, Seu antagonista, é obviamente a Inverdade, o Mal e a Feiura. Vou explicar sobre os mesmos, mas creio que a Inverdade e o Mal dispensam explicações; portanto, vamos falar a respeito da Feiura.
Neste mundo, existem muitas coisas equivocadas. Há casos em que a Feiura se associa à Verdade e ao Bem. Ao se depararem com tais casos frequentemente, as pessoas fazem deles alvo de admiração e respeito. Em termos mais claros, desde tempos remotos, não são poucas as pessoas que, alimentando-se e vestindo-se precariamente, morando em casebres, en m, vivendo uma vida miserável, realizam práticas virtuosas para o bem do próximo e da sociedade. Realmente, se suas condições de vida fossem tão desfavoráveis a ponto de não conseguirem sobreviver, isso seria inevitável. Algumas, porém, mesmo tendo condições melhores, preferem aquela forma de vida, o que não acho nada interessante. Entre elas, encontram-se muitos religiosos que escolhem uma vida de abstinências como um aprimoramento que eles mesmos consideram como um modo de viver digno e admirável. O povo, que os observa, considera-os pessoas sublimes. No entanto, para falar a verdade, esse pensamento não é correto, uma vez que negligencia um fator importantíssimo, que é o belo; por conseguinte, tem-se como resultado Verdade, Bem e Feiura. Neste sentido, desde que sejam condizentes e não fujam às condições de cada indivíduo, as vestes, a alimentação e a moradia devem ser as mais belas possíveis, pois estarão de acordo com a Vontade Divina. Mais do que uma satisfação pessoal, o belo causa uma sensação agradável aos outros; assim sendo, podemos dizer que ele é uma espécie de boa ação. Antes de mais nada, à medida que uma sociedade eleva seu grau de civilidade, é natural que tudo se torne belo, essa é a verdade. Numa simples observação, podemos notar que, nos primórdios da história, não existia praticamente nenhuma beleza no cotidiano. Podemos dizer que o desenvolvimento da cultura é um dos aspectos do aperfeiçoamento do belo.
Naturalmente, no nível individual, mesmo os homens devem procurar manter a beleza, a m de causar uma impressão positiva junto às pessoas. As mulheres, principalmente, devem buscar deixar tudo mais belo. Talvez seja indiscrição da minha parte, mas essa é a realidade. É importante ter atenção quanto à limpeza dos aposentos da casa, varrendo-os de modo que permaneçam bem limpos, tendo especial cuidado para não haver teias de aranha no tecto. Da mesma forma, precisam deixar tudo devidamente organizado ou guardar o que seja desagradável à vista. Assim, não só os familiares como também as visitas se sentirão bem, fazendo com que surja, naturalmente, o respeito. Dessa maneira, aumentará igualmente o conceito do chefe da família.
Devemos, ainda, cuidar do aspecto externo das residências. Para isso, não há necessidade de despender muito dinheiro, pois se procurarmos conservar nossa casa sempre limpa e com boa aparência, não só causaremos uma sensação agradável aos transeuntes como também in influenciaremos positivamente o turismo nacional. A esse respeito, soube que, na Suíça, o que talvez se justifique em parte pela sua pequena área, tanto as ruas como as praças públicas são mantidas limpas e, por essa razão, a sensação que se tem é realmente aprazível. Este é um dos grandes motivos pelos quais este país recebe tantos turistas; portanto, ele nos serve como uma boa referência e exemplo.
As razões expostas mostram que nós, japoneses, devemos cultivar amplamente o senso do belo. Assim, exerceremos uma inesperada e boa influência não só no plano individual, mas também em nível local e até nacional. Além do mais, por meio dessa atmosfera de beleza, os sentimentos dos cidadãos também se tornarão belos, e creio que, com isso, os crimes e os acontecimentos desagradáveis diminuirão significativamente, o que se constituirá, consequentemente, um dos fatores determinantes para a concretização do Paraíso Terrestre.
Para finalizar, escreverei a meu respeito. Desde jovem, eu gostava de tudo o que dissesse respeito ao belo. Embora fosse muito pobre, cultivava ores em pequenos espaços e, quando dispunha de tempo, pintava quadros. Sempre que me era possível, visitava museus e exposições. Na primavera, apreciava as ores; no outono, as folhas coloridas das árvores. Agora, pela graça de Deus, minha vida é mais afortunada.
Portanto, poder apreciar o belo livremente constitui uma contribuição para a realização das atividades da Obra Divina. Desconhecendo esse fato é inevitável que terceiros achem que levo uma vida luxuosa. Desde tempos antigos, os fundadores de religiões faziam a divulgação das doutrinas, vivendo na pobreza e realizando penitências. Quando me comparam a eles, talvez achem minha forma de agir bastante estranha, pelas diferenças observadas.
A verdade é que aquela época era o mundo da noite, e as religiões expandiam a fé, mesmo estando no inferno. Finalmente, chegou a época de transição, ou seja, o momento atual está se transformando no mundo do dia e, contrariamente, a salvação pode se dar quando vivemos no Paraíso. É necessário, pois, pensar profundamente a esse respeito.
Para encerrar, desejo falar a respeito do comunismo. Dizem que seu objetivo é a construção do Paraíso, mas além dos demais aspectos, a concepção do belo de seus militantes é muito escassa. Portanto, enquanto o comunismo não agregar o belo, ele não se tornará um sistema verdadeiro.
Jornal Eiko no 112, 11 de julho de 1951
Alicerce do Paraíso vol. 5