A Minha História – 3ª Parte – Sou deus ou ser humano

Não existe ser humano tão enigmático quanto eu. Com certeza, desde o início do mundo, não existiu alguém com tais características. Eu próprio, quanto mais penso nisso, creio que tudo se resume a uma palavra: mistério. Nos limites do que se conhece desde os tempos antigos, pela biografia de religiosos, sábios, grandes personagens, não há ninguém que se assemelha a mim. Consequentemente, no futuro, certamente surgirão inúmeras pesquisas sobre a minha pessoa e disso poderão despontar críticas. Pensando nisso, farei o possível minha imagem tal qual ela é. para deixar surgirão retratada a minha imagem tal qual ela é.

Ao escrever sobre mim, devo dizer que, mais do que os outros sou eu mesmo que mais me considero misterioso. Os mistérios que me envolvem são tantos, que eu vou me analisar não só subjectiva, mas objetivamente. Até as pessoas que têm contato comigo há mais de dez anos ainda não compreenderam realmente esses mistérios; nem mesmo minha esposa parece entender-me muito bem.

Naturalmente, sou religioso, mas não sou como fundadores de religião, tal como Buda Sakyamuni ou Jesus Cristo; tampouco me vejo como uma pessoa excepcional. Em verdade, tudo isso se deve à amplitude da minha missão.

Quando jovem, nunca atentei para esse facto; tinha apenas uma leve consciência de ser um pouco diferente das demais pessoas. A principal diferença que eu encontrava em mim é que não sentia nenhuma inclinação para idolatrar qualquer pessoa, fosse ela um grande personagem histórico ou qualquer outra figura ilustre. A verdade é que eu não julgava ninguém tão grandioso a ponto de considerar inatingível. Isto não é uma justificativa nem uma presunção; era um sentimento que surgia naturalmente e, muitas vezes, cheguei a me sentir desolado.

Outra característica minha é um forte sentimento de justiça e, comparado às outras pessoas, o dobro de repúdio ao mal. Eu sofria bastante para dominar a fúria que sentia ao ler os jornais. Acreditava, então, que o melhor meio para diminuir as injustiças com que eu me deparava, era fundar um jornal. Naquela época uma pessoa só conseguiria abrir uma empresa jornalística se tivesse mais de um milhão de ienes, e precisei trabalhar bastante com o intuito de obter essa quantia. Lamentavelmente, ao contrário do que esperava, acabei fracassando. No entanto, como esse facto se tornou um dos motivos que me levaram a seguir a vida religiosa, considero-o até positivo.

Foi assim que ocorreu meu ingresso na religião Oomoto. Graças a essa religião, eu, que até então era ateu, pude conscientizar-me profundamente da existência de Deus. Como me ocorriam surpreendentes milagres, uns após os outros. É claro que o meu sentimento mudou completamente, dando uma volta de cento e oitenta graus. A cada dia, aumentava o número de milagres, até que finalmente tive a revelação espiritual sobre o meu passado, presente e futuro. E mais, ficou evidente que eu fora agraciado com um poder sobre-humano e encarregado da grande missão de salvação da humanidade.

Um fenómeno que considerei um mistério, nessa época, é que uma força grandiosa me manejava livremente, fazendo com que, por meio de milagres, eu compreendesse, pouco a pouco, a realidade do mundo de Deus. A minha alegria, nesses momentos, era irrefreável. Tratava-se de uma sensação indescritivelmente profunda, misteriosa e sublime. Além do mais, os milagres continuavam, e fatos interessantíssimos se sucediam. Não sei quantas vezes cheguei a provar essas sensações em um só dia. O maior de todos os milagres [1] foi o que se deu em dezembro de 1926, ano de falecimento do Imperador Taisho.

 

Extraído de “A Minha história”, artigo não publicado, escrito em 1952

Luz do Oriente vol. 1

[1] “Meishu-Sama se refere à Revelação Divina que recebera no dia 25 de dezembro de 1926.

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