O Significado da Construção do Museu de Belas-Artes – 2ª Parte

…Também gostaria que os senhores tomassem conhecimento de outro facto.

Desde os tempos remotos, o Japão possui, em abundância, magníficas obras de arte, das quais poderia se orgulhar perante o mundo. Entretanto, até o término da Segunda Guerra Mundial, elas eram propriedades intocáveis, preservadas com todo o zelo pelas famílias milionárias e nobres, e raramente expostas ao público. Creio que isso ocorria devido à ideologia monopolista e feudal. Agora que o Japão se tornou uma nação democrática, obviamente isso se tornou uma ilusão do passado. Originariamente, as obras de arte existem para serem mostradas ao maior número de pessoas possível. Creio que alegrar o ser humano e, impercetivelmente, melhorar sua natureza é a razão de sua existência. Assim sendo, é preciso, antes de mais nada, erradicar essa ideologia e libertar a arte.

Felizmente, após a guerra, em decorrência das grandes reformas nacionalmente promovidas, os inúmeros patrimônios culturais que estavam guardados como tesouros, foram colocados à venda no mercado, sendo evidente o quanto isso foi benéfico para a construção do nosso Museu de Belas-Artes.

É um museu de pequeno porte, mas desejo torná-lo um modelo para os vários museus que, por certo, serão seguidamente construídos tanto no Japão como no exterior. Com esse objectivo, trabalhei arduamente, desde seu início até a conclusão. Evidentemente, também são de minha autoria os projectos dos jardins; nestes, dispensei atenção a cada árvore e planta.

Por ser obra de um amador, pode ser que apresente várias imperfeições. Se, de alguma forma, ele puder ser útil, sentir-me-ei satisfeito. Além disso, no que concerne ao ambiente e às instalações, creio que tomei as precauções necessárias, pensando até em possíveis bombardeios aéreos, incêndios, roubos. Portanto, ele também será uma referência útil à conservação de obras do nível de Tesouro Nacional.

Acredito que os senhores tenham compreendido, de forma geral, os meus propósitos. Por conseguinte, devo afirmar que não tenho outro objectivo, além de desejar a concretização da natureza intrínseca do Japão, que é o País do Belo, o Paraíso do Mundo. Em um futuro próximo, pretendo construir protótipos do Paraíso Terrestre e, concomitantemente, museus de belas-artes nas cidades de Atami e Kyoto. Encerro as minhas palavras, aproveitando para expressar meu desejo de poder contar com o apoio de todos os senhores.

Jornal Eiko no 164, 9 de julho de 1952
Alicerce do Paraíso vol.5

Título anterior: “Significado da construção do Museu de Belas-Artes”.

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