A Vitória do Cultivo Natural: A Força do Solo – Os efeitos do Uso de Compostos Orgânicos

(…) Vou explicar a aplicação de materiais orgânicos naturais. Em se tratando do cultivo de arroz[1], corta-se a palha do arroz em pedaços bem pequenos, os quais devem ser bem incorporados ao solo, para aquecê-lo. No caso de outras culturas, em canteiros de terra, deve-se proceder à decomposição das folhas e do capim secos e misturá-los bem à terra. A razão disso é para evitar o endurecimento do solo, pois, neste caso, as raízes das plantas têm dificuldade para se desenvolver. A respeito disso, actualmente, dizem que é bom fazer o ar chegar às raízes, mas isso não é verdade, pois não há nenhuma razão para isso ser benéfico. Se o ar consegue chegar às raízes é pelo simples facto de que o solo não está compactado. Trata-se de uma interpretação equivocada dos agrónomos a respeito disso.

Assim sendo, no caso de cultivos cujas raízes não se aprofundam muito no solo, basta misturar à terra compostos de capim. Com relação aos produtos de raízes mais profundas, deve-se preparar um leito com compostos de folhas de árvores a uma profundidade de mais ou menos 30 cm, o qual servirá para aquecer a terra. Tratando-se da espessura do leito para as plantas de raízes profundas, pelo facto de existirem vários tipos de raízes, ele deve ter a espessura que seja de acordo com cada cultura.

Geralmente, as pessoas pensam que existem elementos fertilizantes nos compostos naturais, mas isso não é verdade. Sua função é aquecer o solo bem como não o deixar endurecer. No caso de ocorrer ressecamento do solo junto às raízes, é preciso forrar essa parte com uma quantidade considerável de compostos orgânicos, pois esse procedimento faz manter a humidade do solo. São esses, efectivamente, os três benefícios eficazes dos compostos naturais.

Como puderam compreender pelo que foi exposto, a base da Agricultura Natural consiste em vivificar o solo, o que significa conservá-lo sempre puro, não utilizando impurezas como os adubos artificiais. Dessa forma, não encontrando nenhum empecilho, o solo poderá manifestar suas propriedades integralmente. Além disso, é estranho o fato de os agricultores afirmarem: “Vamos deixar o solo descansar”, o que também vem a ser um erro. Quanto mais se cultiva, melhor o solo se torna. Em termos humanos, quanto mais se trabalha, mais saudável se ca; quanto mais se descansa, menos saudável. A respeito disso, os agricultores interpretam de forma oposta, acreditando que, quanto mais se realizam os cultivos de forma sucessiva, mais fraco o solo vai ficando, em virtude do maior consumo dos seus nutrientes pelas plantas e, assim, procuram beneficiá-lo fazendo-o “repousar”. Isto tudo está completamente errado. Devido aos equívocos, os agricultores acham que a cultura repetitiva é danosa e mudam a área de plantio todos os anos o que, lamentavelmente, é uma ignorância e está fora de cogitação. (…)

Jornal Eiko nº 79, 22 de novembro de 1950

Alicerce do Paraíso vol. 5

 

[1] No Japão, o cultivo do arroz se faz em canteiros alagados.

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