Idolatrado Como Um Deus

Quem se encontra comigo pela primeira vez, sempre diz a mesma coisa: “Antes de conhecê-lo, eu pensava que o senhor fosse uma pessoa pouco acessível, sempre rodeado de servidores. Imaginava que, para dirigir-me ao senhor, deveria fazê-lo com a maior formalidade. Resolvi visitá-lo com certa apreensão; mas, ao contrário do que esperava, tudo foi tão simples e fácil que fiquei surpreso.”

Realmente, quando se trata de um fundador ou de uma autoridade religiosa, a tendência das pessoas em geral é pensar que eles vivem em um ambiente em que cuidados e atenções são dispensados de forma exagerada. Em tempos passados, também tive servidores que quiseram que eu procedesse dessa forma. Entretanto, eu não sentia vontade alguma de agir assim e continuei a ser a pessoa simples que sempre fui.

Muitas pessoas devem estar curiosas por que eu não ajo como um deus encarnado. Vou explicar a razão.

Talvez pelo fato de ser edoko(79), desde jovem, jamais gostei de assumir ares de superioridade. Como detesto a falsidade, acho que aparentar aquilo que não sou e criar diversos aparatos é uma forma de enganar, uma dissimulação. Além do mais, à vista dos outros, é uma atitude desagradável. Afinal de contas, o melhor é a pessoa mostrar-se como realmente é.

Pela minha atual condição, talvez fosse até natural eu ficar no lugar de maior destaque como um deus e, quando concedesse alguma entrevista, me daria ares de importância porque assim eu me valorizaria muito mais. Todavia, não gosto disso. Tenho sempre como princípio dizer aos que censuram meu procedimento, que não precisam permanecer comigo, e já àqueles que o aprovam, que podem ficar. Conforme mostra a realidade do rápido desenvolvimento da nossa religião, constato que o número de pessoas que aceitam minha maneira de agir é cada vez maior, e isso me deixa muito satisfeito.

Devo acrescentar que considero minha natureza muito diferente da de outras pessoas. Detesto imitar o que os outros fazem. Este é um dos motivos pelos quais não me comporto como um deus encarnado. Quero ter sempre a aparência de uma pessoa comum, o que é uma quebra de paradigma. Tudo isso contribuiu muito para que eu pudesse descobrir o Johrei, um tratamento terapêutico revolucionário. Além disso, se eu quisesse, poderia enumerar muitas outras ações minhas que se opõem aos modelos estabelecidos. Como os fiéis sabem, manifesto o poder de curar doenças através do Ohikari, que confecciono escrevendo uma letra numa folha de papel; trato as diferentes divindades com igual respeito; estou construindo o modelo do Paraíso Terrestre; empenho-me na promoção da arte; evito a ostentação religiosa etc. A propósito, dias atrás, fui visitado por uma jornalista da revista Fujin Koron, que me disse ter ficado surpreendida ao chegar à entrada da nossa Sede Provisória. Ao perguntar-lhe o motivo, ela disse que achou estranho não ver nenhum aparato que lembrasse uma religião. Daqui por diante, planejo realizar empreendimentos religiosos em todos os campos da sociedade e pretendo que eles rompam muitos padrões. Por conseguinte, gostaria que os aguardassem ansiosamente.

13 de maio de 1950

Alicerce do Paraíso vol. 1

(78) Título anterior: “Ostentação religiosa”.

(79) Edoko: Pessoa natural de Edo, antigo nome de Tóquio até a Restauração Meiji, em 1867. A característica do edoko é ser despretensioso, franco e irrequieto.

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