Aquilo Que Aprendi Com Meu Pai, Meishu-Sama- Parte 8

Durante minha adolescência, em seus momentos de folga, meu pai sentia prazer em fazer pinturas em biombos ou em leques. Outras vezes, seus desenhos tinham como tema pêssegos ou a lua.

Na época em que morávamos em Kaminogue, no distrito de Tamagawa, Meishu-Sama desenhava freqüentemente imagens de Kannon.

Certo dia, fiz a reprodução de uma pintura de Shunso Hishida, que fora publicada num livro. Vendo-a, meu pai disse: “Está muito bem feita. Pode emprestar-me um pouco?” e, levando-a, usou-a como referência para seus quadros.

Quando eu freqüentava a Escola de Belas-Artes Tama, muitas vezes, meu pai tecia comentários a respeito de minha pintura. Entretanto, as críticas severas eram mais freqüentes que os elogios. Quando eu fazia colagem ou pintura de mulheres, ele dizia: “Faltam concentração e firmeza. Você ainda não está suficientemente maduro.”

Os comentários de meu pai referiam-se não à pintura em si; ele levava em consideração, princi- palmente, o meu estado psicológico antes de iniciar o trabalho. Desse modo, ele trabalhava meu lado emocional intensamente antes da criação artística. Quando ele me criticava, eu compre endia que ainda não estava preparado para executar a obra.

Uma vez, quando lhe mostrei uma pintura que fizera, ele me perguntou com ironia: “Isso é o que você chama de pintura?” Nesse momento, minha mãe consolou-me, dizendo: “Seu pai não está criticando a pintura, mas o seu sentimento. Portanto, não fique aborrecido.”

Certo dia, cheguei a discutir com ele sobre pintura. Quando eu disse: “Não gosto de fazer cópias”, retrucou: “É melhor fazer cópias. Faça suas próprias criações somente depois de aperfeiçoar a técnica.” Nesse ponto, opus-me muito por achar que estava imitando os outros. Entretanto, como o ato de copiar também era importante para o aprimoramento artístico, resolvi seguir seus conselhos. Meu pai, freqüentemente, dizia: “Só após os sessenta anos é que se compreende realmente a pintura. Até lá, é preciso estudar.” Seu sentimento se assemelhava ao dos jovens, que estão sempre sentindo a necessidade de aprender mais, isto é, têm sede de conhecer coisas novas. Causava-me, pois, admiração o fato de seu espírito estar sempre voltado para o futuro.

Ele também dizia: “Para se tornar um autêntico pintor, você precisa ser mais arrojado nos temas e os traços devem ser mais fortes. Pinte tendo em mente a época em que você está vivendo.” Creio que ele me chamava a atenção nesse sentido porque eu sempre participava da exposição do Instituto de Artes do Japão mas nunca era classificado. A primeira vez que isso ocorreu, foi no outono de 1955, após sua partida para o Mundo Espiritual.

Parece que meu pai não se interessava muito por esportes. Sempre estranhei seu desinteresse já que ele era uma pessoa de reflexos muito rápidos. Uma vez, perguntei-lhe: “Qual é a sua preferência em termos de esporte?” Ele respondeu:

“Judô.” “O senhor já praticou judô? Não parece…” – retruquei em meio a risadas.

Meu pai aparentava gostar de natação. Tenho uma lembrança de infância de quando nossa família foi a Kamakura. Na ocasião, ele exibiu- se, nadando o estilo livre.

Um filho

Reminiscências sobre Meishu-Sama vol. 3

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