Como Avaliar a Religião

Tenho observado que, quando as pessoas avaliam a religião, não conseguem atingir o ponto vital da questão, que é a sua posição. A religião está acima de qualquer outra coisa. Comparadas com a religião, a filosofia, a moral e a ciência ocupam uma posição inferior. Entretanto, por desconhecimento disso, usam-se expressões como “filosofia da religião” e outras semelhantes, tentando-se interpretar filosoficamente a religião, quando deveria ser exatamente o inverso. Em outros termos, é como se procurássemos explicar algo metafísico por meio de princípios materiais. Afinal, a religião foi criada por Deus, e a filosofia, pelo ser humano. A religião também difere da moral. Esta, como a filosofia, também é criação humana, mas há uma diferença entre ambas: a filosofia é de caráter ocidental e científico, ao passo que a moral é de caráter oriental e psicológico. Comparada com a filosofia e a moral, a ciência é mais voltada à matéria, sendo notórios os pontos divergentes entre ela e a religião. Por todos esses motivos, podemos perceber o quanto a visão dos intelectuais da actualidade em relação à religião está distorcida.

Analisemos isso mais profundamente. A filosofia se estrutura por meio de teorias criadas pelo ser humano e, por esse motivo, fica evidente sua posição quando comparada à religião. Quando se vai a fundo numa questão por meio da filosofia, é comum deparar-se com uma barreira intransponível e não se chegar a lugar nenhum. Uma prova disso é que quanto mais se pesquisa, mais perdido se fica. Uma dúvida gera outra, sendo praticamente impossível chegar a uma conclusão. Em consequência disso, a tendência é ficar desgostoso da vida e, em caso extremo, há quem chegue a pensar que a solução é recorrer ao suicídio. Este é um fato que todos conhecem.

Por outro lado, não se pode negar que a moral tenha contribuído muito para o bem da sociedade até os dias de hoje. Ela, no entanto, nasceu da mente de pessoas sábias e busca o aperfeiçoamento humano por meio de códigos de conduta e, por essa razão, não chega a mover a alma. Além disso, no Japão antigo talvez fosse aceitável, mas uma vez que a moral possui caráter oriental e, actualmente, tudo está dominado pela cultura ocidental, aquela já não consegue convencer as pessoas. Prova disso é o seu contínuo enfraquecimento.

Não vejo necessidade de maiores comentários a respeito da ciência materialista, por esta ser alvo de nossa constante crítica. Atualmente, falar em cultura é o mesmo que falar em ciência. Interpretam o progresso cultural como sendo avanço científico. Contudo, é de se duvidar o quanto o progresso da ciência tenha promovido a felicidade do ser humano. A realidade nos leva a pensar que a infelicidade cresceu proporcionalmente ao avanço da ciência. Não é preciso dizer muito: basta ver a situação da humanidade, que hoje está exposta à ameaça de uma temível guerra nuclear.

Evidentemente, exceto uma parte da humanidade, o desejo desta é alcançar a felicidade. O progresso da ciência também tem esse objetivo. Todavia, é muito triste constatar que, na realidade, ocorre justamente o oposto. Urge, portanto, averiguar a causa.

Se a filosofia, a moral e a ciência, como acabei de expor, não têm força suficiente para resolver o problema, o que poderá solucioná-lo a não ser a religião? Provavelmente os intelectuais também já tenham percebido esse ponto. Entretanto, como na realidade, eles têm as religiões tradicionais como referência, não acreditam que, por meio delas, se consiga resolver a questão. Consequentemente, não é possível prever quando se concretizará a felicidade do ser humano. Vemos, pois, que é muito sombria a situação da sociedade actual.

Todavia, eis que surgiu neste mundo totalmente resignado, nossa grande força de salvação ultrarreligiosa. Talvez seja difícil aceitá-la, pois ninguém poderia imaginar algo semelhante, mas o fato é que não se pode negar aquilo que é realidade. Uma vez conhecendo a verdade da nossa religião, tal como os cegos que experimentam a alegria de ver a luz, todos despertam imediatamente. A prova do que dizemos está nos inúmeros relatos repletos de alegria em nossas publicações. Assim, aqueles que desejam conquistar a verdadeira felicidade, façam uma experiência: entrem em contato com a nossa religião! Por mais delicioso que seja um alimento, é impossível avaliar seu sabor apenas vendo-o ou ouvindo explicações a seu respeito. Antes de mais nada, é preciso prová-lo. Tenho certeza de que todos ficarão satisfeitos com o sabor jamais experimentado até então.

29 de abril de 1950
Alicerce do Paraíso vol. 2

(1) Título anterior: “Como encarar a religião”.

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