Apesar de se dizer simplesmente “inteligência”, há vários tipos. Em linhas gerais, existem cinco níveis: a mais elevada é a divina: em seguida, vêm a búdica, a superior, a astuta e a ardilosa, as quais denomino de “cinco inteligências”. A seguir, comentarei a respeito de cada uma delas.
A inteligência divina é a mais elevada e não pode ser alcançada pelo ser humano comum. Trata-se da inteligência concedida por Deus a pessoas especiais que receberam d’Ele uma importante missão. É como afirma o ditado: “A inteligência é humana, quando o conhecimento é aprendido; quando não é aprendido, a inteligência é divina.”
A inteligência búdica é conhecida também como “poder da inteligência de Kannon(50)”; ela é semelhante à inteligência divina, sendo que é de natureza búdica. Se considerarmos a inteligência divina como de caráter masculino, a búdica seria de caráter feminino. Acho isso interessante, pois o radical desse ideograma “búdica” significa “mulher”.
A inteligência superior é aquela manifestada pelas pessoas sábias. No budismo, denomina-se tieshokaku. Entretanto, no mundo atual, é ínfimo o número de pessoas dotadas dessa inteligência. Nem é preciso dizer que a causa são os maus pensamentos, que dificultam o correto discernimento das coisas. Por exemplo, não só os políticos, mas também os intelectuais da atualidade, ao realizarem uma reunião, mesmo no caso de pequenas questões, só conseguem chegar a uma conclusão após muitos participantes gastarem longas horas de discussão. Quando se trata de um problema um pouco mais complexo, dezenas de pessoas passam a debatê-lo por várias horas, durante dias e dias, muitas vezes sem chegar a uma conclusão. Isso prova a lentidão mental dessas pessoas.
Sabemos, pois, que todo problema só apresenta uma solução. Jamais haverá mais de uma. Como é lamentável ver tantos cérebros levando vários dias para encontrar a solução de um problema… A causa disso é a escassez de inteligência superior. A escassez de inteligência superior se dá porque o cérebro se encontra nublado. O cérebro acha-se nublado porque isso é causado pelos pensamentos malignos. E os pensamentos malignos são decorrentes da devoção ao materialismo. A devoção ao materialismo provém do não reconhecimento da existência de Deus. Supondo que o não reconhecimento da existência de Deus ocorre porque falta uma religião capaz de fazer as pessoas acreditar n’Ele, temos de admitir que a religião que tem a capacidade de mostrar claramente a existência de Deus, é verdadeiramente viva. Ter que insistir tanto nessa explicação comprova a lentidão mental do homem moderno.
Nesse sentido, quem possui inteligência superior consegue encontrar a solução para qualquer problema em poucos minutos. A respeito disso, oriento meus auxiliares para que, diante de qualquer questão, limitem seus debates a cerca de trinta minutos. Quando sentirem que se prolongarão por mais de uma hora, aconselho que interrompam a reunião, deixando-a para outro dia ou que me consultem sobre o assunto.
Fico constrangido por falar sobre minha pessoa, mas é que consigo encontrar a resposta para qualquer contratempo em poucos minutos, por mais difícil que ele seja. Às vezes, há casos em que não consigo resolver rapidamente. Nessas ocasiões, deixo para depois, sem forçar a situação. Passado algum tempo, infalivelmente, a solução vem à minha mente em forma de inspiração.
Vejamos, a seguir, a inteligência astuta. Como todos sabem, trata-se de uma inteligência superficial; por isso, seu sucesso é passageiro, resultando sempre em fracasso e descrédito. Em outras palavras, trata-se de uma inteligência parva.
A inteligência ardilosa, tal como o próprio nome já diz, é a inteligência do mal, e o número de pessoas que a possui é muito grande, inclusive entre as que pertencem à classe de líderes e à dos intelectuais e, por esse motivo, não há como a sociedade melhorar. Portanto, somente quando as pessoas conseguirem se livrar desse tipo de inteligência, é que surgirá uma feliz e grandiosa sociedade. E como erradicar essa inteligência? É muito fácil: basta destruir o terreno em que ela nasce, por intermédio da ação de uma religião que tenha força para fazer as pessoas acreditar na existência de Deus.
30 de janeiro de 1950
Alicerce do Paraíso Vol.3.Pag.38