A Vitória do Cultivo Natural: A Força do Solo – Efeitos Contrários dos Adubos

No início, a aplicação de adubos traz considerável resultado. Todavia, se essa prática durar por muito tempo, a ocorrência gradativa de efeitos contrários será inevitável. Ou seja: as plantas vão-se enfraquecendo, perdem a capacidade inerente de absorver os nutrientes existentes no solo e alteram as suas características, precisando assimilar adubos como nutrientes.

Poderão compreender melhor, se fizermos uma analogia com os toxicómanos. Quando alguém começa a fazer uso de drogas, sente uma sensação muito agradável e, durante certo período, muitas vezes, o funcionamento do cérebro se torna mais vivaz. Por não conseguir esquecer esse prazer, a pessoa, pouco a pouco, se aprofunda cada vez mais no vício e não consegue livrar-se dele.

Nessa condição, quando o efeito do tóxico acaba, ela cai em estado de letargia ou sente dores violentas, e nada consegue fazer. Uma vez que a situação se torna intolerável, embora saiba o mal que isso lhe faz, acaba consumindo a droga novamente. E chega até mesmo a roubar, para obter recursos para adquiri-la. Factos semelhantes são constantemente noticiados nos jornais e podemos compreender quão nocivo esse tóxico é. Aplicando tal lógica à agricultura, compreendemos de imediato e afirmamos que, hoje, todos os solos cultiváveis do Japão estão viciados em adubos, ou seja, gravemente doentes”. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos adubos, os agricultores não conseguem despertar.

Ocasionalmente, ao ouvirem minhas explicações, eles resolvem suspender o uso de adubos artificiais e iniciar o cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses os resultados são insatisfatórios, concluem, precipitadamente, que o certo mesmo é usar os adubos e, desistindo da mudança, voltam à prática anterior.

Já que nosso método de cultivo está alicerçado na fé, as pessoas o praticam sem duvidar de nada do que eu digo. Assim procedendo, elas chegam a compreender facilmente o verdadeiro valor da Agricultura Natural.

Descreverei a sequência dos factos que ocorrem com a mudança para a Agricultura Natural.

No caso do arroz, ao se transplantarem as mudas para o arrozal, durante algum tempo a coloração das folhas não é satisfatória, e os talos permanecem finos e, no geral, o pé de arroz apresenta-se visivelmente bem inferior ao dos demais arrozais convencionais. Isso dá ensejo à zombaria por parte dos agricultores vizinhos, o que leva o produtor iniciante da nossa agricultura a vacilar, questionando se está no caminho certo. Cheio de preocupação e aflição, ele começa a orar a Deus.

Passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a se tornar mais viçosos e, na época do crescimento, pode ser observada uma ampla recuperação, o que traz um grande alívio para o agricultor. Finalmente, às vésperas da colheita, o seu desenvolvimento já se apresenta normal ou até maior, o que tranquiliza os agricultores. Ao se proceder à colheita, ocorre o inesperado: o volume da produção do arroz, por exemplo, ultrapassa as previsões. Ademais, o produto é de boa qualidade, possui brilho e consistência, e seu sabor é inigualável. Geralmente, ele se enquadra na classificação tipo 1 ou 2 e, na pior das vezes, no tipo 3. O seu peso é também maior em uma proporção de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com adubos, e o mais interessante é que, devido à sua consistência, o rendimento não se reduz com o cozimento; ao contrário, aumenta em 20% ou 30%. Assim, mesmo que a ingestão de arroz seja 30% a menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, até do ponto de vista económico, é vantajoso. Logo, se todos os japoneses comessem o arroz da Agricultura Natural, o resultado seria equivalente ao que se obteria com um incremento de produção de 30%. Mesmo mantendo a quantidade de produção actual, a importação de arroz se tornaria desnecessária, o que seria maravilhoso para a economia nacional.

Jornal Eiko nº 79, 22 de novembro de 1950

Alicerce do Paraíso vol.5

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