Fé Correcta | 2ª Parte

(…) Na sociedade, muitas vezes, as graças não ocorrem conforme o desejado mesmo que se faça todo tipo de sacrifício ou súplica. Isso se dá porque o pedido está além dos poderes das divindades. Mesmo que elas queiram conceder a graça, não conseguem. Nesses casos, a pessoa se lamenta: “Por mais que eu tenha rezado fervorosamente, até agora, meu pedido não foi atendido. Será que os deuses me abandonaram?” Ela passa a duvidar da existência de divindades, chegando a abandonar a fé ou a cair em desespero total, o que a leva a um destino ainda mais infeliz.

Vemos muitos exemplos assim. Justamente esse tipo de fé recomenda o jejum, uma centena de orações e peregrinações a um templo ou a abstinência de alimentos que a pessoa mais aprecia ou consome diariamente, o que constitui um grande erro.

Por mais que, individualmente, esses sacrifícios sejam realizados com devoção, se eles não se reverterem em um mínimo de benefício em prol da sociedade, todo esforço da pessoa terá sido em vão. Se houver divindades que se contentam com tais práticas, só podem ser de segunda categoria ou inferiores, ou então, espíritos de raposa, tanuki, tengu etc. Por outro lado, se forem divindades correctas, concederão graças como forma de recompensa pelo esforço humano em favor da promoção do bem-estar da humanidade.

Aproveito o ensejo para alertar o leitor sobre algo que se diz desde antigamente: “Ter fé até em cabeça de sardinha”. Isso é um erro grave. O objectivo de qualquer fé devem ser as divindades superiores. Isto porque, quanto mais elevadas estas forem, se as preces a elas dirigidas não tiverem um objetivo correto, tais divindades simplesmente não concederão graças. Além disso, uma vez que o ser humano as reverencia e ora a elas, recebe sua luz purificadora e tem seus pecados e impurezas eliminados gradativamente.

Por mais que a fé seja dirigida a uma “cabeça de sardinha” ou a espíritos de baixo nível, o que se recebe desses espíritos não passa de energia negativa, que macula a consciência e acaba transformando facilmente o ser humano em um praticante do mal. As pessoas em geral não têm conhecimento dessas coisas e pensam que todas as divindades são louváveis e atendem aos seus pedidos. Não é para menos, porque desde a antiguidade, ninguém recebe uma formação que lhe permita distinguir se as divindades são superiores ou inferiores, corretas ou incorretas. Ao mesmo tempo, há níveis entre seres como raposa, tanuki, tengu, ryujin etc., que podem ser corretos ou incorretos e possuir diferentes graus de força. Em se tratando dos chefes dessas divindades, há casos em que manifestam surpreendente poder e concedem até mesmo significativas graças; motivo pelo qual seus seguidores continuam lhes devotando ardente fé. No entanto, a maioria dessas manifestações é passageira e, por fim, graças e infortúnios começam a se alternar, sem que a prosperidade eterna seja alcançada.

Por meio dessa explicação, apresentei minha honesta opinião a respeito da fé a fim de que não se enganem em seu discernimento e não se iludam diante de graças temporárias.

Colectânea Assuntos sobre fé, 5 de Setembro de 1948

Alicerce do Paraíso vol. 4

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