Não Transgrida a Ordem | 2ª Parte

(…) Há pessoas que cultuam budas e divindades em altares entronizados no andar térreo e dormem no andar superior.

Uma vez que a divindade fica em posição inferior em relação ao ser humano, ela não consegue manifestar forças para a concessão de graças. Além disso, trata-se uma grande falta de respeito, sendo até preferível deixar de entronizá-los. O mesmo se aplica ao altar dos antepassados: posicionar-se acima dos antepassados é uma grave falta de respeito por parte dos descendentes. Afinal de contas, como os eventos ocorridos no Mundo Material se refletem no Mundo Espiritual, o equilíbrio existente entre os dois mundos é rompido.

Esta lógica também se aplica ao país e à sociedade, sendo que a consequência mais grave é o conflito no setor industrial, entre capitalistas e trabalhadores. Nenhuma ação é mais transgressora à ordem do que o controle dos meios de produção que é, em especial, o pior de tudo.

Vamos supor o caso de uma empresa. Para administrar e fazê-la progredir, é preciso que a ordem seja observada em todos os sentidos. Em outros termos, o presidente deve assumir o controle geral; os membros da diretoria devem tomar parte na deliberação dos assuntos de maior importância; os técnicos devem empenhar-se em suas especialidades e os trabalhadores, naquilo que lhes compete. Se todos se organizarem em forma de pirâmide, com certeza, a empresa não deixará de prosperar.

No entanto, uma vez que aquele que controla os meios de produção inverte a pirâmide, fica evidente que o negócio acabará entrando em colapso. Já que o conflito entre capitalistas e trabalhadores acaba por arruinar ambas as partes, isso constitui uma tolice. É necessária, portanto, uma administração que concilie as partes, observe a ordem e priorize a paz. Não há outro meio para que todos alcancem a felicidade.

Creio que o primeiro passo para se obter a prosperidade consiste em eliminar a desagradável palavra “conflito” do setor industrial. No entanto, no passado, a administração excessivamente egoísta dos capitalistas e a exploração da classe trabalhadora acabaram originando o comunismo. Hoje, como reação à reação, o comunismo passou dos limites, e a indústria entrou em decadência, causando a redução da produção. Por esse motivo, desejo que despertem o quanto antes para essa realidade e manifestem, ao máximo, o espírito de colaboração com vistas à construção de um novo Japão. Eis o sentido das minhas palavras: “Respeite a ordem.”

Durante a Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro japonês Hideki Tojo[1] conclamou os presidentes de empresas a tomar a dianteira e a liderar seus trabalhadores, assim como ele agia em seu governo. Contudo, não existe erro maior nesse procedimento, pois, desde os tempos antigos, o termo keirin – que significa administrar negócios –, também tem o sentido de “fazer girar uma roda”. Ou seja, o líder corresponde ao eixo de uma roda. Quanto menos o eixo se mover, melhor a roda gira. Quanto mais próximo do eixo, menor o giro. Quanto mais distante, maior o giro. Se o eixo estiver frouxo, é natural que a roda não gire bem.

De acordo com a lógica acima, quanto mais próximo do eixo, menor é o número de pessoas encarregadas. À medida que se afasta do centro, cresce o número de pessoas envolvidas. Em torno da roda do carro, há os pneus que, por estarem em contato direto com as ruas e estradas, executam uma tarefa mais árdua. Creio que, por meio desse exemplo, puderam compreender o que significa ordem. Assim sendo, se os líderes se mantiverem na retaguarda, comandando por meio de sua inteligência, todos os seus empreendimentos se desenvolverão a contento.

Colectânea Assuntos sobre fé, 5 de Setembro de 1948

Alicerce do Paraíso vol. 4

[1] Hideki Tojo: foi primeiro-ministro do Japão de 18 de outubro de 1941 a 22 de julho de 1944. Lutou pela contenção do comunismo na Ásia.

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