Graças Recebidas Nesta Vida | 1ª Parte

Modéstia à parte, em nossa religião, as graças recebidas nesta vida são maravilhosas. Desde a antiguidade, surgiram extraordinárias religiões, como o cristianismo, o islamismo, o budismo e tantas outras importantes religiões, que mantêm sua influência até hoje. Como se sabe, a maioria delas, desde o seu início, se ocupou exclusivamente da salvação espiritual. Nossa religião tem pouco tempo de existência e, comparada com as demais, seu alcance ainda é limitado. Apesar disso, a rapidez de sua expansão pode ser considerada inédita e está sendo alvo das atenções, o que nos tem trazido muitos inconvenientes. Contudo, trata-se de inevitáveis fenômenos próprios de um período de transição. É apenas uma questão de tempo; naturalmente, virá o dia em que seu verdadeiro valor será reconhecido pela sociedade de forma imparcial. Nós também temos ideais e doutrina e estamos nos empenhando como todas as religiões. Gostaria, porém, de escrever que há uma diferença fundamental entre nós e as religiões tradicionais. Se as pessoas não a reconhecerem, não conseguirão compreender nossa essência. A grande diferença é que, na nossa religião, as pessoas recebem muitas graças ainda nesta vida. Para os intelectuais, religiões que enfatizam esse tipo de graça são de baixo nível e, por esse motivo, eles se mantêm indiferentes a elas. Se pensarmos bem, veremos que existe uma razão para tal atitude.

Actualmente, observando a situação das inúmeras religiões do Japão, constatamos que existem dois tipos: as que possuem traços populares e as que não os possuem. No primeiro caso, por exemplo, o objeto da fé são diversas divindades. Seus devotos, sem exceção, têm como objetivo receber graças nesta vida e praticamente são pessoas sem formação intelectual, que não entendem de aspectos teóricos ou filosóficos. Ora, do ponto de vista dos intelectuais, tal tipo de religião é uma tolice e não merece a mínima atenção.

Assim, eles definem que a busca de graças ainda nesta vida é própria da fé de nível inferior. Por outro lado, eles valorizam as religiões que, não se importando com graças ainda nesta vida, teorizam habilmente suas doutrinas para fins de estudo. Se tais religiões possuírem uma longa história e, durante esse tempo, tiverem surgido grandes líderes ou sacerdotes de grandes virtudes, eles as prestigiarão ainda mais, considerando-as de alto nível. Em síntese, para os intelectuais, o nome e a tradição da religião significam muito. A propósito disso, desejo expor minha crítica sincera. Dos dois tipos de fé mencionados, o primeiro pode ser vulgar, mas a verdade é que ele influencia a massa popular mais do que podemos supor. Dado que a massa tem um baixo nível intelectual, nem princípios nem teorias lhe interessam. Essas pessoas visitam santuários de vez em quando, fazem pedidos de graça e oferta monetária e se satisfazem com isso. Trata-se de uma fé muito simples, mas que, indiscutivelmente, influencia positivamente o sentimento. Mesmo esse tipo de crença, como ele parte de uma visão espiritualista que acredita no invisível, certamente contribui para o bem social mais do que aquela que se baseia no materialismo. Afinal, uma pessoa que possui o sentimento de orar a divindades, dificilmente cometerá crimes brutais a sangue-frio. (…)

8 de Novembro de 1950, Alicerce do Paraíso vol. 2

Título anterior: “Benefícios materiais”.

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