“DESEJANDO POLIR NOSSO CORPO E ALMA,
DEUS UTILIZA OS INFORTÚNIOS COMO ESMERIL”
A sorte na vida é proporcional as nuvens espirituais, isto é, os sofrimentos ocorrem de acordo com sua quantidade. Portanto tudo se baseia no princípio da correspondência e nada está em desarmonia. Se o ser humano acha que existe alguma discrepância, é porque ele julga observando apenas a parte superficial das coisas. Suponhamos que, em uma família, haja uma pessoa que contesta a nossa religião e não quer tornar-se membro de forma alguma. Nesse caso, aquele que é alvo da oposição se impacienta porque possui nuvens. Uma vez eliminadas tais nuvens, a alma é purificada e a pessoa que contesta não mais conseguirá causar sofrimentos e aflições, vindo, então, a ingressar na fé. Realmente devemos nos analisar quando alguém não se toma adepto, por mais que o incentivemos. Ou mesmo quando pensamos coisas como: “Aquele sujeito me atormentou. Por sua causa me aconteceram factos desagradáveis; ele me causou grandes prejuízos.”. Isso ocorre porque, na mesma proporção nós temos nuvens espirituais. Por meio dessas situações, elas são eliminadas. Portanto, as pessoas que nos atormentam e nos fazem sofrer estão colaborando no processo de purificação das nossas nuvens. Chegando a essa compreensão, passamos a nos sentir agradecidos.
Certa ocasião, ao término de uma audiência no Tribunal de Justiça, o juiz solicitou que os réus expressassem suas opiniões. Conforme disse o outro réu, as investigações foram feitas de forma equivocada e os promotores eram prepotentes. Insatisfeito, ele desabafou, dizendo tudo aquilo que havia deixado de falar até então. Eu, entretanto, disse que estava agradecido, pois graças ao promotor fui enormemente lapidado. Em virtude de toda aquela difícil situação, a nossa instituição também se tornou mais sólida. Não falei aquilo por conveniência. Conforme escrevi há pouco, se pensamos de forma daijo, conseguimos agradecer profundamente. O nosso pensamento deve basear-se nesse ponto. Nessa forma de pensar reside o valor, ou melhor, a essência da fé.
Colectânea de Ensinamentos, vol. 15,
6 de Outubro de 1952