Pessoa Simpática

Talvez não exista outra palavra que soe tão agradavelmente quanto simpatia. Pensando bem, na vida, a simpatia é mais importante do que imaginamos, pois, não se limitando ao destino do indivíduo, sua relação com a sociedade é grande. Por exemplo, se alguém se sentir bem ao ter contato com uma pessoa simpática e se essa corrente for se propagando continuamente, é óbvio que a sociedade se tornará bastante agradável. Por conseguinte, situações abomináveis, principalmente o conflito e o crime, diminuiriam e, espiritualmente, surgiria o Paraíso. Não existe outro meio melhor que este, pois não requer dinheiro, não é trabalhoso e pode ser posto em prática imediatamente. Embora isso pareça deveras fácil e simples de praticar, como todos sabem, na realidade, não é, já que não basta que a simpatia seja apenas aparente.

A verdadeira simpatia aflora do interior; é indispensável, portanto, que a pessoa seja sincera de coração, o que depende do sentimento. Em suma, o fundamental é o espírito de amor altruísta. A esse respeito, gostaria de escrever um pouco sobre a minha pessoa. É estranho eu mesmo falar, mas, desde jovem, aonde quer que eu fosse, quase nunca era odiado ou detestado. Pelo contrário, na maioria das vezes, era estimado e amado pelas pessoas. Analisando a razão desse facto, concluí que possuo algo que me parece ser o motivo: em qualquer circunstância, deixo os meus interesses e satisfação pessoal em segundo plano; procuro ter em mente apenas aquilo que satisfaz e deixa os outros felizes. Ajo assim, não por razões morais ou religiosas, mas naturalmente. Ou seja, esta é a minha natureza. Em outras palavras, é até um hobby para mim. Por essa razão, muitos dizem que possuo uma personalidade privilegiada, e é possível que tenha mesmo.

Depois que me tornei religioso, obviamente essa característica se intensificou. Então, quando vejo uma pessoa sofrendo por doença, não consigo ficar parado e impassível, e sinto vontade de curá-la a qualquer custo. Ministro-lhe Johrei, ela é curada e fica feliz. Ao ver sua alegria, esta se reflecte em mim e eu me sinto feliz também. Por ser assim, no passado, criei inúmeros problemas e sofri muito. Mesmo quando percebia que não havia mais chance de cura e que deveria desistir logo, atendendo às súplicas por parte da própria pessoa e sua família, eu cedia e, não pesando os prós e os contras, persistia nas visitas, ainda que fossem em locais distantes. Gastava tempo e dinheiro e, no final, o resultado não era bom. Desapontava a todos e, muitas vezes, recebia queixas e era odiado. Sempre que isso ocorria, eu me censurava, achando que deveria tornar-me menos sensível. A minha personalidade me ajudou muito também na construção do protótipo do Paraíso Terrestre e do Museu de Belas-Artes; portanto, creio que ela me tenha sido atribuída por Deus. Por exemplo, quando estou diante de uma magnífica obra de arte ou de uma paisagem maravilhosa, não vejo graça nenhuma em apreciá-las sozinho e até fico incomodado. Nasce em mim, o desejo de mostrá-las e de entreter o maior número de pessoas possível. Dessa forma, ao invés de desfrutar das mesmas sozinho, minha maior satisfação é divertir e alegrar o próximo, o que também me traz alegria e prazer.

 Jornal Eiko nº 257, 21 de Abril de 1954

Alicerce do Paraíso vol. 4

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