Luz do Oriente – 1ª Parte

Creio que a expressão “Luz do Oriente” tenha surgido há cerca de dois mil anos em determinada parte da Europa, tendo-se propagado gradativamente a ponto de hoje não existir quem a desconheça. No entanto, pelo facto de o seu verdadeiro significado não ter sido conhecido, até agora ela continua sendo um enigma. Assim sendo, gostaria de expor o seu real significado.

“Luz do Oriente”[1] era, na realidade, uma profecia sobre mim. Creio que não haverá quem não se surpreenda ao tomar conhecimento dessa verdade, e já que as pessoas não conseguirão aceitá-la de imediato, vou tentar esclarecê-la, apresentando factos que comprovam a minha afirmação.

Para tanto, preciso mencionar, em primeiro lugar, o local onde nasci e o trajecto percorrido devido às mudanças que realizei.

Nasci em um bairro cuja antiga denominação era Hashiba, situado no distrito de Assakusa, na cidade de Tóquio. Vou explicar a respeito desse local. O país chamado Japão, como todos sabem, localiza-se no extremo leste da Terra; acrescente-se que Tóquio, a capital, localiza-se a leste do Japão. A leste de Tóquio, fica o distrito de Assakusa e, a leste deste, encontra-se Hashiba, o Bairro ao qual me referi há pouco. E, como a leste dele fica o Rio Sumida, em termos de mundo, este bairro fica realmente na parte leste da região leste; é o extremo leste do mundo. Foi lá que nasci.

Aos oito anos mudei-me e fui morar no bairro Senzoku a oeste de Hashiba. Mais ou menos na época em que concluí o curso primário, fui para o bairro de Naniwa, localizado no Distrito de Nihonbashi; depois, para o bairro Tsukiji, no Distrito de Kyobashi e, posteriormente, para os bairros Oi e Oomori, ambos localizados no mesmo distrito que na época era denominado Ebara. A seguir, transferi-me para o bairro de Hirakawa do Distrito Kojimatchi; em seguida, para Tamagawa, onde se localiza actualmente, o Hosan-So (Solar da Montanha Preciosa). Posteriormente, dando um salto bem maior, mudei-me para a cidade de Hakone e, depois pata Atami; agora para a cidade de Kyoto. Assim, mudei de residência por 10 vezes; dessas mudanças, exceptuando-se a do bairro Kojimatchi. nove foram em direcção ao Oeste. Naturalmente, daqui diante a Luz do Oriente avançará cada vez mais para o Oeste. Um dia, é óbvio chegará à China e até à Europa.

Analisando as diferentes culturas existentes no Japão até presente momento, constatamos que todas elas surgiram no Oeste e foram se expandindo em direção ao Leste. No âmbito religioso, não somente o budismo e o cristianismo, mas o xintoísmo e cada seita e ramificação do budismo que tiveram origem no Japão, foram se propagando do Oeste para o Leste. A única que nasceu no Leste foi a religião budista Nitchiren. E nisso há uma profunda razão. Vejamos.

Como tenho dito sempre, o budismo foi importante para promover a salvação no período da Era da Noite e, nessa fase, ele teve a protecção do deus da Lua. Com a chegada da época apropriada, o mundo sofrerá a transição para a Era do Dia. Visto que tudo ocorre primeiramente no Mundo Espiritual, há 700 anos teve início, naquele mundo, o primeiro passo do Alvorecer. Foi com essa missão que nasceu o virtuoso monge Nitchiren (1222-1282), fundador da referida religião. Assim que concluiu o seu principal aprimoramento, ele tomou a firme decisão de se dedicar de corpo e alma à divulgação do Sutra do Lótus. Primeiramente, foi a Awa [região sul da actual Província de Tchiba], a sua terra natal, e subiu o Monte Seitchozan[2] , localizado próximo ao mar. Voltado para o Sol que nascia, orou em voz alta “Nam-Myoho-Renge-Kyo”[3]. A partir de então, passou a difundir e a apresentar ao mundo o Sutra do Lótus, a fim de enaltecer as suas bênçãos. Enfrentou inúmeras perseguições até que, finalmente, estabeleceu a sua actual e inabalável seita. A sua proeza merece todo o nosso respeito.

Na realidade, esse grande feito de Nitchiren representou a primeira actuação da Luz do Oriente. Observando o facto em termos espirituais, podemos dizer que, no extremo leste do Mundo Espiritual, até então imerso nas trevas, ocorreu um tênue lampejo de luz que antecipa o aparecimento do Sol.

Jornal Eiko nº 182, 12 de novembro de 1952

Luz do Oriente vol. 1

[1] Luz do Oriente: em japonês, Toho no Hikari. Literalmente, significa “luz proveniente do Leste”, “luz que emana do Leste”. Note-se que a opção de tradução em língua portuguesa “Luz do Oriente’ deve limitar 0 entendimento de que a luz seja exclusiva do Oriente.

 

[2] Monte Seichozan: também conhecido como Monte Kiyossumi. Os ideogramas que formam o nome Kiyosumi têm o significado literal de “claro c límpido”. Nitchiren entoou a oração do Sutra do Lótus, no alvorecer do dia 28 de abril de 1253.

[3] Ñam-Myoho-Renge-Kyo: sutra entoado pelos fiéis da religião Nitchiren. É dito que ele expressa a essência do Sutra de Lótus e, ao recitá-lo constantemente, os fiéis almejam proteção, iluminação e autoaperfeiçoamento.

Monte Kenkonzan: outra nomenclatura para o Monte Nokoguiri. Kenkon significa “Céu e Terra”.

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