Em Constante Estado Paradisíaco

Ao mudarmos para Tamagawa, Meishu-Sama caiu no desagrado da polícia devido a um acontecimento infeliz, que nos causou diversos transtornos posteriores. Como a casa que fomos morar era grande e chamava a atenção, certa manhã bem cedo, o delegado de polícia local veio nos dar as boas-vindas. Exatamente nesse dia, Meishu-Sama acordou um pouco mais tarde do que o habitual e ainda estava em Seus aposentos quando ele chegou. A pessoa que o atendeu disse que Meishu-Sama ainda estava deitado e o dispensou displicentemente.

Esta atitude desagradou o delegado, que se sentiu ofendido com a receptividade fria, pois viera especialmente cumprimentar Meishu-Sama e achava não merecer ser tratado com tanta desconsideração. Este caso, junto a outros, nos trouxeram vários aborrecimentos durante o tempo em que moramos em Tamagawa.

Outro ponto: a nossa residência foi adquirida com o dinheiro de um empréstimo e, ao assinarmos o contrato de venda, descobrimos que o proprietário havia firmado um outro contrato de venda com o Sr. Keita Goto, o que gerou um longo processo judicial. Assim, tivemos que fazer um depósito em juízo e o processo prolongou-se até pouco antes da ascensão de Meishu-Sama.

Socialmente, havia um bom relacionamento entre as famílias do Sr. Goto e a nossa. As esposas se davam muito bem, mas, devido ao surgimento do problema jurídico, houve um pequeno estremecimento na amizade. A aquisição do Pote de Glicínias, de Ninsei Nonomura (renomado ceramista japonês que viveu no final do século 17) por Meishu-Sama foi fundamental na reconciliação das famílias e na resolução da pendência judicial.

Em 1937, a atividade religiosa foi proibida de ser exercida junto com a terapêutica e, sem opção, tivemos que desenvolver somente o trabalho de cura. Afinal, o método terapêutico de Meishu-Sama produzia resultados tão miraculosos que os pacientes chegavam a ser mais de cem diariamente. Por isso, embora tivesse assistentes e auxiliares, o programa pessoal era muito pesado e Meishu-Sama frequentemente ficava sem almoçar. Com o passar do tempo, foi-se evidenciando uma fadiga cada vez mais forte e, não somente eu, mas todos estavam preocupados com Ele.

Certa tarde, ao voltar do Fujimi-tei (o Seu local de trabalho de onde se avistava o Monte fuji), serviu-se de um cálice de saquê. Após tomar o primeiro gole, empalideceu e desmaiou.

Depois desse episódio, começamos a pensar que alguma coisa precisaria ser feita para aliviar o ritmo de Suas atividades. Enquanto isso, começaram a surgir comentários de que a prática terapêutica estaria prestes a ser proibida. Antecipando-se a essa ordem, Meishu-Sama decidiu parar com tudo e, através de uma carta, comunicou a Sua decisão à delegacia de Tamagawa. Os policiais não conseguiram disfarçar a surpresa ao recebê-la.

Tal decisão causou uma grande reviravolta nas atividades de Meishu-Sama, porém nós a consideramos providencial, não só pelo desenvolvimento de Sua missão, mas pela oportunidade de preservação de Sua saúde.

Depois da interrupção da prática terapêutica e do atendimento ao público, Meishu-Sama dedicou-se à formação de missionários que O auxiliariam na expansão de Sua missão e também à pintura de desenhos de Kannon, fundando a Associação Kannon Hyappuku Kai.

Geralmente, quando terminava o trabalho pela manhã, Ele almoçava e saíamos para um passeio pelas planícies de Musashino, ou até às margens do rio Tamagawa.

Enquanto andávamos, Meishu-Sama falava a respeito das Suas ideias sobre a Sua missão e das construções que planejava realizar. Ele era bastante otimista com relação ao futuro: eu jamais consegui descobrir Nele qualquer ponto negativo. Apesar de estar passando por muitas dificuldades e sofrimentos, nunca proferia uma palavra desagradável. Sinto que Ele foi realmente um homem que vivia no Céu e com Seu pensamento ligado a Deus. Um ser que vivia em constante estado paradisíaco. Penso que nós todos deveríamos seguir o seu exemplo.

Por Nidai-Sama

Reminiscência sobre Meishu-Sama vol. 1

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