Quem quer que seja, acredita que estamos vivendo um momento em que a civilização atingiu um nível nunca antes alcançado. De facto, se compararmos a época actual com a era primitiva e selvagem, veremos que houve um grande avanço. Entretanto, foi um progresso apenas no aspecto material, pois, espiritualmente, ninguém poderá negar que sequer saímos do estado de semisselvageria.

Desde tempos remotos, a humanidade vem, continuamente, desperdiçando grande parte das suas energias com a guerra, a maior de todas as violências. Em nada difere das feras, que lutam, mostrando as presas e as garras, rugindo e devorando-se mutuamente. É verdade, também, que existem os povos pacíficos, os quais não medem esforços para evitar a guerra. Podemos dizer que os primeiros são seres com característica animal e os pacíficos, com característica humana. Cada um desses dois tipos contrastantes de seres vem aCtuando para satisfazer seus interesses. Este é o curso da história do mundo, que perdura até nossos dias. Logicamente, existe essa dualidade de pensamento também em âmbito individual, só que a violência é contida pela lei, e a ordem é mantida, ainda que precariamente. Os bons, no entanto, são sempre pressionados pelos maus, dos quais se tornam vítimas constantes.

Vejamos outro aspecto da questão.

Atualmente, graças ao progresso da ciência, desenvolvem-se grandiosas invenções e descobertas, as quais, dependendo da vontade das pessoas que as manipulam, podem ter resultados desastrosos ou, ao contrário, contribuir para o aumento do bem-estar da humanidade. O atrito entre esses dois pensamentos opostos – o selvagem e o civilizado – pode tornar-se a causa da guerra, na qual essas mesmas invenções e descobertas também podem ser empregadas para o mal.

Analisando o assunto sob outro prisma, constatamos que os povos belicosos não são religiosos, ao contrário dos povos pacíficos; daí surge a necessidade da religião. Portanto, não seria demais dizer que, apesar de apregoarem que estamos numa era de elevado nível cultural, na verdade, estamos vivendo um período de semisselvageria e semicivilização.

Nesse sentido, a semicivilização precisa ser elevada ao estágio de civilização em que o espírito e a matéria estejam perfeitamente unidos e integrados. Por conseguinte, a missão dos religiosos, daqui por diante, é realmente importantíssima.

25 de Junho de 1949

Alicerce do Paraíso vol. 1

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